Mais de 150 mil não vão ver os jogos da Copa

A Copa do Mundo, começou e será bem diferente para 150 mil famílias paraenses que não têm energia elétrica em casa. Nos próximos 30 dias, o rádio de pilha deve ser o grande companheiro dos brasileiros que moram nas regiões de difícil acesso do Marajó, Sul do Pará e Calha Norte – oeste paraense -, locais onde a energia elétrica é mais aguardada que o hexacampeonato disputado por Dunga e seus comandados.

Ainda que os indicadores de ligações do programa Luz Para Todos, do governo federal, pareçam infindáveis no Pará, os investimentos estão conseguindo levar, a passos largos, energia de qualidade a casa dos paraenses que moram em regiões isoladas. O número de famílias que vai acompanhar a seleção brasileira pelo rádio no Mundial deste ano é quase a metade do volume de pessoas que grudou no aparelho durante a Copa de 2006 – quando mais de 300 mil famílias não dispunham do serviço.

Segundo os dados do programa Luz Para Todos, foram ligadas no Pará, de 2004 a março de 2010, um volume de 259.518 casas, um número maior que o previsto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que levantou 236 mil potenciais unidades consumidoras. A partir de 2008, o planejamento de ligações foi ampliado para 349.044 domicílios, volume que inclui as regiões ribeirinhas. Segundo garante o diretor de Projetos Especiais das Centrais Elétricas do Pará (Celpa), Álvaro Bressan, ainda este ano, pelo menos 89.526 famílias serão agraciadas com a sonhada energia elétrica.

ETAPAS

"Falta a gente contratar 29 mil consumidores da ilha do Marajó, onde precisamos concluir a primeira parte da subtransmissão para atendê-los", afirma. A subtransmissão mencionada pelo diretor equivale à estrutura necessária para receber a energia, ou à derivação da energia do linhão à casa dos consumidores, processo que está em fase de execução. "Após a conclusão disso, vamos conseguir ligar os 29 mil consumidores da região. Os outros 60,5 mil já têm a estrutura para ligar", assegura.

O crescimento vegetativo e desordenado do número de potenciais consumidores na Pará é o principal fator que torna o Luz Para Todos um programa infindável. "O volume de pessoas não aumentou, mas as famílias de ribeirinhos estão se desmembrando, principalmente em virtude dos programas de moradias do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), provenientes do governo federal. Os filhos estão casando, deixando a casa do pai e construindo a sua própria habitação", explica o diretor de Projetos Especiais da Celpa.

Volta ao campo explica maior demanda

Outro fenômeno que explica o aumento de casas necessitando de energia elétrica na zona rural paraense, segundo o diretor de Projetos Especiais das Centrais Elétricas do Pará (Celpa), Álvaro Bressan, é o retorno do homem do campo após não ter conseguido se estabelecer no perímetro urbano. O diretor destaca ainda que as fronteiras do Pará são abertas, fator que também acelera o crescimento dos índices de habitantes. "As demandas que recebemos da sociedade nos levaram a um número de 404 mil novas ligações, ou seja, são 55 mil a mais do que o volume previsto no planejamento feito em 2008, que previa 350 mil famílias sem luz", acrescenta.

Álvaro Bressan afirma que, em alguns municípios, foram ligados 300% a mais do número de casas pactuado no planejamento no programa Luz para Todos. "Em Novo Repartimento, por exemplo, foi feito um levantamento de 4.129 domicílios a serem ligados, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até abril deste ano foram feitas 8.297 ligações – e ainda falta ligar mais 1,4 mil famílias. Ao todo, serão 9,7 mil novas unidades consumidoras, ou seja, bem acima do previsto", explica.

METAS

De maneira similar, o diretor cita o município de Igarapé-Miri, no nordeste paraense, onde havia 1.419 pré-cadastros, foram feitas 2.189 ligações e ficaram na fila de espera mais 4.997 famílias. "Dos 143 municípios, 65 deles tiveram um número de ligações superior à meta e tem muita gente que ainda precisa ser ligada", assegura. Segundo Álvaro Bressan, o Marajó é uma das regiões mais carentes do Estado, devido características próprias, principalmente motivadas pela distância.

Segundo os números da Secretaria de Estado de Integração Regional (Seir), o investimento total previsto para o programa Luz Para Todos no Pará é de R$ 2,1 bilhões. Esse investimento vai atender, até o fim do programa, 1,5 milhão de pessoas. Até agora, desse total, já foi investido no Pará R$ 1,09 bilhão. Já receberam energia elétrica 174.544 domicílios, beneficiando 872.720 pessoas. Estão em andamento em todo o Estado 161 obras em 77 municípios do Luz para Todos, envolvendo recursos de R$ 90,5 milhões, que vão atender mais 12.144 domicílios, ou 60.720 pessoas.

Obras de linha de transmissão avançam

O governo do Estado doará toda a madeira a ser retirada da ilha Marajó, em função das obras de construção da linha de transmissão de energia elétrica nos municípios de Portel, Breves, Curralinho, Melgaço e Bagre. A retirada vegetal de 690 hectares, área total por onde passará o linhão, foi autorizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Hoje, às 9 horas, no Centro Integrado de Governo (CIG), será assinado um termo de cooperação técnica autorizando a doação da madeira para a Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó (Amam).

O Projeto de Interligação do Marajó ao Sistema Nacional de Energia Elétrica vai beneficiar 450 mil habitantes do arquipélago, que passarão a receber luz firme da Hidrelétrica de Tucuruí, num investimento de R$ 473 milhões. A obra exige a retirada da vegetação existente no trajeto por onde passará a linha de transmissão. O reaproveitamento da madeira será garantido pelo termo de cooperação a ser assinado entre a Sema e a Secretaria de Estado de Integração Regional (Seir), a Amam, a concessionária Celpa, que executa a obra, e a Superintendência de Patrimônio da União no Estado.

A expansão do atendimento bancário no Arquipélago do Marajó, com a instalação de agências e postos de serviço, foi tratado pela coordenação do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Marajó (PDRS), em reunião com representantes do Banco do Estado do Pará (Banpará), Banco do Brasil, Banco da Amazônia (Basa) e Caixa Econômica Federal (CEF), nesta quinta-feira (10), no CIG. O objetivo é ampliar o fomento ao setor produtivo.

O PDRS Marajó é um documento consolidado em 2007, pela União, Estado, municípios e sociedade civil, e prevê uma série de ações voltadas ao desenvolvimento do arquipélago, como a construção do linhão e outras obras estruturantes.

O representante do Banco do Brasil, Sérgio de Jesus, anunciou que existem quatro agências no arquipélago, instaladas em Afuá, Breves, Portel e Soure, e que serão abertos mais 11 postos de atendimento até 2014, mas a coordenação do Plano insistiu para que esse prazo seja antecipado para 2011.

À Caixa Econômica foi solicitada a expansão do atendimento bancário em lotéricas, inclusive, com a instalação de caixas eletrônicos. Ao Banpará, que possui três agências, em Breves, Salvaterra e Afuá, foi pedida a abertura de um posto de atendimento em Santa Cruz do Arari.

oliberal.com.br

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