“Não ia matar, só estuprar”

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"Eu pedi para ela ficar quieta. Só atirei porque ela não obedeceu”. Este foi o motivo relatado por Luciomar Ferreira Vaz Monteiro, 40, que o levou a matar uma das duas irmãs adolescentes que estuprou no setor Bosque dos Buritis, em Trindade, no dia 21 de junho. “Eu não ia matar, só estuprar”, disse o réu confesso, ontem, na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) em Goiânia.
De corpo forte, Luciomar pareceu tímido e encobriu o rosto durante todo o tempo em que esteve exposto à imprensa. Ele contou que não conhecia as irmãs D.,17, e T., 18 – morta por ele com um tiro na cabeça –, e que as encontrou por acaso quando procurava por mais uma vítima “da vontade de comer carne”. Disse também que não se lembrava de tê-las ouvindo implorar para que as deixassem ir, quando as obrigou a entrar em um matagal e a se despirem. Fato contado por D. à polícia. Depois disso, elas tentaram fugir e Luciomar atirou em T., estuprando as duas adolescentes em seguida.
Luciomar disse ainda que tem pesadelos constantes nos quais se vê machucando e matando pessoas. Para a delegada titular da Deam, Darlene Costa Azevedo Araújo, ele é doente mental e precisa de tratamento. O próprio acusado admitiu isso e pediu ajuda para se curar de seu transtorno. No entanto, negou que estivesse arrependido dos crimes que cometeu.

Outras Vítimas
Além das duas irmãs de Trindade, Luciomar estuprou mais duas adolescentes, de 14 e 15 anos, em Aparecida de Goiânia em 2005. Crimes pelo quais foi condenado a 28 anos de prisão em sentença emitida em 27 de abril deste ano. Ele ainda é acusado de estuprar uma jovem, de 18 anos, que estava em uma motocicleta com o namorado, quando foi abordada por Luciomar no Setor Ponta Kayana, em Trindade, onde Luciomar morava antes de ser preso. Antes de ser estuprada, a jovem foi obrigada a amarrar o namorado.
Na mesma região, ele ainda estuprou uma outra menor, de 17 anos, e atirou nela e em sua mãe, quando esta tentou salvar a filha de ser atacada pelo bandido. A mulher, que teria por volta de 40 anos, foi atingida por uma bala de revólver calibre 22 e atualmente se encontra em estado vegetativo. De acordo com a polícia, a arma é a mesma que Luciomar usou para atirar em T., encontrada enterrada em um lote baldio, próximo à residência dele.
O acusado também foi condenado por crimes de latrocínio e furto, cometidos em Rio Verde, onde ficou preso por três anos, antes de ser transferido para Goiânia em 2005, quando conseguiu liberdade condicional por bom comportamento.

Investigação
A polícia chegou a Luciomar depois de uma investigação que contou com o apoio do Serviço de Inteligência da Polícia Civil. No 3º dia após o ataque às duas irmãs em Trindade, a delegada titular da Deam identificou Luciomar como o possível autor do crime. No 5º dia de investigação já reunira elementos suficientes para prendê-lo. Quinta-feira passada ele foi preso em sua residência, onde a polícia encontrou o revólver usado nos crimes, carregado com duas balas, a motocicleta roubada do casal em Ponta Kayana, três capacetes, 14 celulares, dois canivetes, diversas facas e casacos. Um morador de Ponta Kayana foi fundamental para que a polícia chegasse a Luciomar. Fontes disseram que os moradores do setor sabiam que os recentes estupros ocorridos na região eram de autoria do mesmo homem e estavam vigilantes para descobrir quem era o bandido.
No início do mês de junho, Luciomar pediu água a um morador de uma chácara em Ponta Kayana e este percebeu que o homem tinha um comportamento estranho. Diante da descrição feita pelas vitimas dos crimes cometidos por Luciomar, o chacareiro o reconheceu como o criminoso procurado e informou à polícia.
A delegada da Deam informou que a menor, estuprada em Ponta Kayana, o identificou como o autor do crime, assim como D., que esteve com o pai e um tio na Deam sexta-feira passada, e mais duas vitimas de estupros.

Vontade de matar
Natural de Rio Verde, Luciomar contou à polícia que é pintor e teve um dos seus olhos perfurado em dezembro do ano passado quando recebeu vários tiros de um homem desconhecido enquanto realizava um trabalho. Antes de ser preso, Luciomar morava na Rua das Cerejeiras, Q. 105 L. 7, no Setor Ponta Kayana, em Trindade, com a esposa, um filho adolescente e duas enteadas, de 8 e 10 anos. À polícia ele disse que ultimamente vinha “sentindo vontade de matar” as mulheres que moravam com ele. De acordo com o que contou à polícia, era essa vontade que fazia com que ele saísse às ruas a procura de vitimas. Primeiro, tentava violentar as mulheres que encontrava e, como quem espera apenas um pretexto, caso elas reagissem, ele atirava nelas. Luciomar não informou o total de pessoas que atacou ou matou. A polícia continuará investigando os crimes. Segundo a delegada da Deam, o que foi apurado até agora leva a crer que Luciomar passará o resto de sua vida na prisão.
Sobre a condicional concedida pela Justiça a Luciomar, a delegada disse que o papel da polícia é prender o criminoso e que cabe à sociedade avaliar a coerência da lei que permitiu um preso perigoso como Luciomar ser solto. De acordo com a delegada da Deam, o acusado seria encaminhado ainda ontem à Casa de Prisão Provisória de Aparecida. Ele teria dito que deseja se suicidar e está sob a vigilância constante de dois policiais.

O caso
A matéria sobre as duas irmãs de Trindade, violadas por Luciomar foi publicada no DM em 22 de junho e causou perplexidade devido à crueldade do bandido, que, após atirar na cabeça de T., ainda estuprou ela e a irmã mais nova. T. ainda foi encaminhada ao Hospital de Urgências de Goiânia, mas não resistiu.

dm.com.br

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