‘O nosso Estado se encontra privatizado. Queremos Alagoas dos nossos sonhos’

Luis Vilar/Alagoas24horasMário Agra, do Psol, fechou a série de sabatinas promovidas pela Fecomércio

Mário Agra, do Psol, fechou a série de sabatinas promovidas pela Fecomércio

O candidato do PSOL, Mário Agra, fechou – nesta segunda-feira, dia 26 – a rodada de sabatinas com os postulantes à principal cadeira do Palácio República dos Palmares. Agra utilizou um discurso com críticas aos candidatos Fernando Collor de Mello (PTB), Ronaldo Lessa (PDT) e Teotonio Vilela Filho (PSDB), mesmo sem citá-los diretamente.

De acordo com Agra, os dois ex-governadores e atual governador podem ser responsabilizados pela dívida social que o Estado acumula. O candidato do PSOL fez uma análise dos potenciais de Alagoas e falou da necessidade de explorar estes pontos com políticas de Estado.

“Alagoas é um Estado com potencial extraordinário, tanto no setor sucroalcooleiro, que é o segundo maior produtor do Estado, além de ter um rebanho de 1 milhão de cabeças; há potencial na bacia leiteira; em agricultura. Isto sem falar no potencial do Turismo, com 300 quilômetros de costa e 300 quilômetros de Rio São Francisco, que também pode ser explorado e que os próprios alagoanos pouco conhecem. Há espaço para produção de pretróleo e gás e um comércio com 15 mil estabelecimentos, com 70 mil funcionários, por onde passam R$ 11 bilhões e é o setor que mais contribui”.

Ao citar os números, Mário Agra destacou que o desenvolvimento econômico passa por políticas para estes setores. “É estarrecedor que o setor agropecuário, por exemplo, contribua com apenas R$ 400 mil. Para desenvolver, não pode tergiversar. Temos que resolver o problema da receita do Estado e combater a sonegação”, colocou. Agra aproveitou para falar da dívida pública do Estado.

“Precisamos fazer uma auditoria da dívida pública para ver o que se deve e quem realmente deve. Há uma dívida pública de R$ 7 bilhões, mas uma dívida interna que é de R$ 12 bilhões que precisa ser cobrada. Precisamos ir atrás destes devedores. Alagoas tem dinheiro a receber. Não tenho dúvida de que se auditarmos a dívida e formos atrás de quem deve, teremos recursos”, destacou.

Incentivos

Ao falar de incentivos fiscal, na visão de Mário Agra é uma política que precisa ser reestudada. “O que tem de indústria que recebeu inúmeros incentivos indevidos. Tem que haver regras claras. Temos uma preocupação especial com o setor do comércio. O setor sucroalcooleiro, por exemplo, paga pouco. Os responsáveis por este acordo que afundou Alagoas são candidatos. São eles que fizeram acordos que comprometeram o Estado por mais de 30 anos”, sentenciou.

Mário Agra ainda criticou a dependência extrema dos recursos federais. “É um absurdo. Ficamos com a cuia na mão à espera do Governo Federal”. E ainda emendou com críticas à condução das políticas econômicas do passado: “Eles (os três principais candidatos adversários) acabaram com o Produban. Onde se encontra o patrimônio do Produban? Façam, vocês que são da imprensa, esta pesquisa. São informações preciosas de onde se encontra o patrimônio público do banco de fomento do Governo do Estado. O patrimônio público continua servindo aqueles que foram responsáveis pelo seu fechamento”.

Mário Agra ainda teceu críticas a Ronaldo Lessa (PDT) – mesmo sem citá-lo – ao relembrar das consequências – segundo ele – desastrosas da operação das Letras. “Foi um verdadeiro absurdo o que se cometeu”, destacou.

Dependência

Mesmo criticando a dependência de Alagoas do Governo Federal, Mário Agra evitou falar em “auto-suficiência do Estado”. Esta política – até o presente momento – só foi defendida pelo candidato do PRTB, Jefferson Piones. “Não posso afirmar que teremos quatro anos independentes do governo federal. Isto não é possível em quatro anos, porque propomos corrigir erros que foram cometidos durante décadas. Não dá para dizer que Alagoas se tornará auto-suficiente em quatro anos”.

Mário Agra voltou a lembrar da dívida e de responsabilizar os governos passados por ele. “Quando fizermos uma auditoria, vamos ter recursos que podem ser carimbados e repassados diretamente para a Educação, Saúde e Segurança Pública”, destaca Agra, como forma de reduzir a dependência das verbas federais. Mário Agra ainda aproveitou para falar da suposta subserviência do governo aos empresários. “O nosso Estado está privatizado”, frisou.

Segurança pública

“O Estado mais violento do país. É um absurdo. Veja que coisa mais absurda”, destacou Mário Agra ao falar do tema segurança pública. Para ele, falta controle da violência em Alagoas. “Aumenta o número de carros blindados e não há controle sequer em condomínios fechados”, exemplificou. Agra destacou ainda que a Polícia Militar de Alagoas tem sete mil homens e precisa dobrar o efetivo, “no mínimo”. Frisou ainda a necessidade de investimentos na Polícia Civil e na correção de algumas distorções: “houve um tempo em que um batalhão tinha 200 homens e no palácio se via 600”.

“Este não é um problema só deste governo, mas de todos os que já passaram”, colocou. De acordo com Mário Agra, o estudo da dívida pública também traria recursos para estes investimentos.

Educação

Quanto à Educação, Mário Agra destacou os resultados do Enem, que apontam as escolas de Alagoas entre as piores do país. “A grande maioria falta professores. É preciso mudar as prioridades deste Estado, caso contrário não saberemos onde vai parar. Como é possível investir em modernização, sem investir em Educação. Nós já tivemos escolas referências. A evasão hoje é grande e a droga está tomando conta das escolas. A situação da Educação no Estado é estarrecedora”, colocou.

Mário Agra ressaltou ainda que as políticas de mudanças não dependem de secretários, mas de uma ação de governo para atingir “o x da questão e não ficar resolvendo questões periféricas”.

Saúde

Ao falar em Saúde, Mário Agra disse que “fica refletindo”: “já imaginou se estes outros candidatos precisassem do poder público para serem atendidos nas unidades de saúde. Eu fui recentemente operado pelo SUS, no Hospital Universitário e pude ser tratado por uma excelente equipe, mas infelizmente notamos a superlotação. Como é que se permite que o governo deixe a saúde em greve por nove meses. O governador cruza os braços e fecha os olhos. Não há diálogo. É inconcebível os valores pagos aos servidores, não apenas da Saúde, mas todas as outras”, colocou.

Mário Agra também ressaltou a situação de superlotação no HGE e destacou a importância de traçar prioridades para a Saúde. Para investimentos no setor, Mário Agra voltou a destacar: “buscar saber quem deve e porque deve ao governo”. De acordo com ele, é preciso investir também em políticas de aumento de arrecadação. “É preciso dar condições mínimas de trabalho para que os fiscais de renda. É possível, caso se combata a arrecadação, aumentar a receita de Alagoas em 50%. Há setores que ainda sonegam”, finalizou Mário Agra.

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