Às margens do Rio Coruripe, pessoas simples como Rosedite Pereira se preparam para entrar em uma nova era em termos de qualidade no manejo e trato de uma riqueza que sempre foi sinal de geração de renda na cidade de Coruripe – o cultivo de ostras (ostreicultura).
Isso está sendo possível porque graças ao esforço concentrado do governo de Alagoas, Sebrae, prefeitura do município e diversos outros parceiros que estão alavancando o cultivo sustentável do produto para fins de consumo interno e até de exportação.
Em projeto orçado em R$ 140 mil, dona Rosedite e mais 14 pessoas que formam a Associação dos Ostreicultores de Barreiras de Coruripe (Aobarco), vislubram, em um futuro próximo, terem à disposição os primeiros frutos desse investimento, com a chegada de 250 mesas em PVC para o cultivo das ostras, um veículo, uma lancha e a implantação de uma depuradora de moluscos que irá impulsionar a produção no local.
Quando totalmente equipada, a depuradora terá capacidade de processar o equivalente a 7 mil ostras por hora.
“Já chegaram as 250 mesas e a depuradora já está instalada, faltando apenas chegarem alguns equipamentos para que a depuradora entre em funcionamento”, comemora Rosedite, que também preside a Aobarco.
“Com esses equipamentos, os trabalhadores que vivem da pesca aqui na cidade só terão a ganhar”, completa a presidente da associação, ao fazer uma demonstração de como é feita atualmente o manejo das ostras à beira do Rio Coruripe, onde ainda estão instaladas as velhas mesas de madeiras.
“As ostras têm que ser separadas ou desencaixadas e ficar na medida de 80 milímetros para o ponto de venda”, ensina Rosedite.
Transferência de tecnologia tem sido fundamental
De acordo com o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri, Edson Maruta, o trabalho de sustentabilidade na ostreicultura no Estado deu um importante passo em Alagoas graças à parceria com a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), que desenvolve, há quase dois anos, intercâmbio para a transferência de tecnologia na área de pesca e aquicultura.
A Agência Espanhola firmou com o governo de Alagoas um extenso roteiro de visitas técnicas e identificação de áreas com potencial econômico na piscicultura, nas regiões do Baixo São Francisco, Agreste e Sertão.
Os técnicos da Agência Espanhola conheceram projetos e empresas na área de cultivo de camarão marinho em água doce, indústrias de beneficiamento de pescado, laboratório de reprodução do pitu, o pesqueiro do camarão sete-barbas, cultivo de ostras e unidades de filetamento e importação de peixes, além de projetos de tanques-rede.
“Essa parceria tem como objetivo promover o fortalecimento da atividade em Alagoas e melhorar a qualidade de vida da população, através da geração de emprego e renda, com um produto de qualidade que agora terá à disposição a depuradora que benficiará não só os pescadores de Coruripe, mas de outras regiões do entorno”, avalia Maruta.
E acrescenta. “A Espanha é um país muito avançado em termos de tecnologia no manejo de moluscos, incluindo além de ostras, o sururu e o maçunim”.
Ainda segundo Maruta, Alagoas tem grande potencial para pesca e aquicultura, mas que precisa ser planejado de forma eficaz. “Para isso, fizemos e concluímos um amplo diagnóstico da cadeia produtiva com a geração de um sólido banco de dados e um plano estratégico”, diz.
Ele acrescenta que em 2009 técnicos da Seagri e de outros parceiros do projeto estiveram na Espanha, em uma missão de trabalho, e ficou constatado o quanto a atividade é importante e organizada naquele país.
Paralelo a isso, surgiu o Plano para o Desenvolvimento da Pesca e Aquicultura Sustentáveis para o ordenamento do setor pesqueiro e marisqueiro, além de ampliar a rede de informações da cadeia produtiva do setor do aquanegócio em Alagoas.
A missão na Espanha contou a presença de representantes da Seagri, APL da Piscicultura, Câmara Setorial da Piscicultura, Codevasf, Embrapa, Usina Seresta, Aquicultura Águas de Pituba, Aecid e outros. As ações aconteceram na região da Galícia, onde fou cumprido um roteiro de visitas que compreendeu o Instituto Politécnico Marítimo – Pesqueiro do Atlântico; o Instituto Oceanográfico; Centro Técnico Nacional de Conservação de Produtos da Pesca (Cecopesca); Centro Tecnológico do Mar – CETMAR; Conselharia de Pesca e Assuntos Marítimos; Atividade Marisqueira de Ameixas, na cidade de Cambados; Instituto Galego de Formação em Aquicultura (Igafa); Venda de Mariscos na Ilha de Arousa; Planta de Cultivo de Rodaballo; visita ao Cultivo de Molusco, na comunidade de Camariñas; Planta de Rodaballo da Empresa Stolt Sea Farm AS, na Vila Caramiñas, Comercialização de Peixes na Associação de Pescadores de Lonxa Finisterre, na cidade de Fisterra; Instituto de Controle Sanitário de Águas e Moluscos (Intecmar), na Vila Vilaxoan, entre outros.