O dia que Paul McCartney esteve em Anadia

Sou um sonhador, acredito nas pessoas e não consigo esconder o que está guardado em meu coração. Por isso vou contar algo que há muito tempo me incomoda por ainda não ter tornado público. Quem lembra dos anos 70 e os anos 80? Quantas saudades!

A data que agora me reporto é 13 de dezembro de 1977, que para nossa terra sempre foi uma data expressiva por se tratar do dia de Santa Luzia, padroeira do povoado Tapera. O que vou contar brota da emoção e da busca por repartir com pessoas que viveram e acompanharam o apoteótico momento da inauguração da Zueira Dancig Bar, um espaço pequeno que antes era a garagem do seu Antero Almeida. Seu filho Valter, que depois de rodar o Brasil e conhecer novos pensamentos teve a brilhante idéia de criar este espaço.

Festivo dia, após a natural ansiedade para se conhecer e saber como funcionaria, mergulhamos de cabeça, olhos abertos, corpo e alma nesse sonho. Os nomes que vou citar e os momentos por nós vivenciados são antológicos, mereciam estar em uma calçada da fama na Rua Neto Bonfim, local da nossa boate, como também em uma famosa revista. Mas, eternizados estão em nossos corações.

Era uma noite de céu estrelado e dava pra ver quase todo o firmamento, a lua companheira de tantos outros momentos, as estrelas que mais brilhavam foram as que a partir daquele instante começaram a freqüentar o point de Anadia. Posso descrever com exaditão o dia que Paul McCartney cantou “Let it Be”, entre a fumaça branca e a luz negra e o globo giratório, quanta novidade, que sensação indescritível.

Vou a partir de uma música que Tim Maia eternizou – “Um dia de Domingo”, e dizer: “Eu preciso te falar, te encontrar de qualquer jeito, pra sentar e conversar.” todos que dividiram comigo esses “lances”… Será que é palavra mais adequada? Sei lá, só me resta narrar o que a minha alma quer dizer.

Inúmeras são as pessoas que invadem minha mente e povoam meu consciente, mas citarei as que com certeza sentiram a mesma emoção que agora sinto: Raimundo Nonato, Robson, Paulinho, Milton Torres, Celso Caldas, Beto, Paulo César, Lauro, Luiz Carlos, Gabriel Ivo, Roberval, Armando, Emanuel, Élson, Dílson, Sebastião Rios, Sebastião Rudicher, Aldo, Alexandre, Ciro, Cid, Zezinho, Raimundo Marques, Ben-Hur, Gildenor, Giseldo e os mais jovens Mário César, Sandro, Tinho, Fernando, Cicinho, Marcos Mousinho e Wilson… Desculpas aos que não foram citados, mas fiquem certos que cada um com seu estilo, muito contribuíram para a edição de moda das gerações futuras!

As gatas, inesquecíveis… Como não tive a prévia autorização para citar seus nomes, apenas diria: “Eu preciso respirar, o mesmo ar que te rodeia, e na pele quero ter, o mesmo sol que te bronzeia, eu preciso te tocar, e outra vez, te ver sorrindo, te encontrar num sonho lindo.”

Me atrevo a lembrar de: Rejane, Rosi, Nádia, Júlia Roberts, Regina, Marlene, Vange, Vera Fischer, Gisele e Gisela Bündchen, Juliana Paes, Iris, Simone, Isabela, Sônia Braga, Lúcia Veríssimo, Gabriela… De certo que faria inveja ao elenco até da famosa Globo.

Ao som dos Beatles, ABBA, Queen, Eagles, Elton John, Diana Rossi, Bee Gees e Led Zeppelin, começávamos ali a construir o nosso universo, a criarmos nossos mundos de fantasias, sonhos, desejos e decepções, entre flertes, danças e não danças, beijos e abraços concretizados, sonhados, desejados e não realizados, paixões verdadeiras e falsas, fantasias, delírios próprios da juventude, que ajudavam a acelerar o coração, alimentava a alma e extasiava o corpo. Era ali o palco principal e de triunfal exibição aonde tudo bombava, na Zueira!

Infelizmente hoje não poderemos encontrar algumas pessoas que lá de cima devem estar sorrindo da nossa aflição em não termos como nos abraçar, confraternizarmos e celebramos, por termos vivido uma época que julgo ser a mais bela e gostosa das nossas vidas.

Gente jovem reunida, cabelos ao vento, cada cabeça com seu mundo, roupas extravagantes, iniciantes no velejar da paixão e do amor, aventureiros no jogo da sedução, ávidos por novas emoções. Segredos guardados ou revelados, nus à luz do luar… Devemos atribuir o mérito a quem durante anos vem tocando a Zueira Dancing Bar com maestria, o nosso contemporâneo Anterinho e sua Família.

E não foi obra do acaso gostarmos de música brasileira, curtimos aos montes Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tim Maia, Fagner, Lulu Santos, Maria Bethania, Gal Costa, Rita Lee, Simone, Alceu Valença, João do Vale, Toquinho, Vinicius de Moraes, Jackson do Pandeiro e o mestre Luiz Gonzaga, entre outros. O som da nossa boate invadiu nossos ouvidos fazendo ecos em nossas cabeças.

O ritmo que agora me embala é o de continuar com a canção assim cantando: “Eu preciso descobrir, a emoção de estar contigo, ver o sol amanhecer, e ver a vida acontecer, como um dia de domingo. Faz de conta que, ainda é cedo, tudo vai ficar, por conta da emoção, faz de conta que, ainda é cedo, e deixar falar a voz do coração”.

A explicação para tornar público um sentimento que parece ser tão pessoal, é que no dia 26 de dezembro de 2010, na comemoração de 23 anos da festa de “solteiros e casados”, festa que ajudamos a fundar, lá na Zueira Dancing Bar, bateu o sentimento indecifrável entre uma lágrima e a saudade, que me motivou a escrever e dizer apenas que Valeu!

(*) Ex-secretário de Estado e filho de Anadia.

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