Entra em cartaz na Galeria Cesmac de Arte Fernando Lopes a mostra “O Contista da Cidade” que reúne obras recentes do artista plástico pernambucano Fernando Bismarck, sob curadoria da galerista e artista plástica alagoana, Maria Amélia Vieira. O coquetel de lançamento será realizado às 19h desta quinta-feira (24) apenas para convidados. A partir do dia seguinte a exposição permanecerá aberta ao público até o dia 25 de abril.
Radicado em Maceió há mais de 40 anos, Bismarck chegou à capital alagoana no ano de 1968 quando assumiu o comando da extinta Galeria Rosalvo Ribeiro que, segundo ele, foi o primeiro espaço dedicado às artes na cidade. Ao longo de duas décadas, o artista realizou uma série de exposições, promoveu intercâmbio entre artistas de Pernambuco e Alagoas, e se tornou professor de pintura do Centro de Belas Artes. Foi nesse período em que descobriu o talento do alagoano Ezequias Rocha, que hoje tem trabalhos expostos no mundo inteiro e vive no Rio de Janeiro.
A vocação para pintura se revelou desde cedo para Fernando Bismarck. Aos 15 anos pintou seu primeiro quadro, uma paisagem em óleo sobre tela. Nos anos 50 se inscreveu na Escola de Belas Artes do Recife, mas ao receber o calhamaço de apostilas e se deparar com a lista de assuntos para a prova de admissão, acabou desistindo da formação acadêmica.
Ainda adolescente o artista saiu de Recife para São Paulo, onde chegou a trabalhar como operário de fábrica. Lá costumava percorrer galerias de arte e museus que exerceram grande influência estética e profissional. Pouca gente sabe, mas Bismarck já foi contratado por uma gravadora para desenhar capas de discos. E foi graças a esse ofício que montou seu primeiro ateliê, em 1960, no Recife.
“Abrir-se ao mundo artístico passou a ser fundamental para Bismarck. Ele estudou pintura com o mestre Ernesto Lustosa e teoria da arte com o crítico e colecionador Abelardo Rodrigues. Em 1965, o artista ocupou o último andar de um antigo sobrado onde nasceu o abolicionista Joaquim Nabuco. Em 1967 ele expôs pela primeira vez em Maceió, onde fincou raízes no ano seguinte”, conta Maria Amélia Vieira.
Célebre pela sua arte figurativa repleta de personagens negras, sem qualquer expressão na face, e por retratar situações cotidianas e manifestações culturais típicas do Nordeste, as obras de Bismarck fazem parte de importantes acervos como o do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o do Museu Internacional de Arte Naïf do Rio de Janeiro. Seu trabalho já foi exposto em exposições coletivas e individuais nas principais capitais brasileiras e também em capitais mundiais como Paris (França) e Tóquio (Japão).
“Em suas obras, tal qual um escritor sem pressa e como se estivesse a evocar tempos imemoriais, Bismarck desvela uma Maceió bucólica, saudosa, que nos leva prontamente a década de 60. São pescadores, sobrados que abrigam bares, vendas, namoros, feiras de rua… Enfim, cenas do cotidiano a desvendar a alma do Nordeste brasileiro”, descreve Maria Amélia.
Rotulado como artista naïf por uns e como artista popular por outros, Fernando Bismarck procura não se importar com definições. “Eu deixo isso para os críticos. Eu não quero agradar ninguém. Quero agradar primeiro a mim mesmo”, afirmou em recente entrevista ao jornalista Lelo Macena.
Mesmo aos 75 anos, o artista ainda percorre as ruas da capital alagoana de onde ainda busca inspiração para o seu trabalho, observando o mar azul e a paisagem urbana desta cidade que um dia lhe impressionou “pelo clima interiorano, com aspectos provincianos”.
Atualmente Bismarch se divide entre duas paixões: a primeira delas é a pintura e a outra é a criação de pássaros que mantém em um viveiro na sua casa situada na Serraria. “Só pinto quando dá vontade. Pintar sem vontade é estragar material”, costuma dizer.
Serviço:
Exposição: “O Contista da Cidade”
Artista: Fernado Bismarck
Local: Galeria Cesmac de Arte Fernando Lopes
Endereço: Rua Cônego Machado, s/n, Farol
Abertura: 24 de fevereiro, às 19h
Entrada: Gratuita
Em cartaz: De 24/02 a 25/04
Horários: De segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h
