Polícia Comunitária reduz violência em União

AssessoriaUnidade ajuda na implantação de feira livre

Unidade ajuda na implantação de feira livre

Antes marginalizados e conhecidos pelos altos índices de homicídios, dois bairros da cidade de União dos Palmares – Nossa Senhora das Dores e Sagrada Família passaram por transformação social e econômica significativa. A mudança começou no ano passado, quando a Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds) implantou na comunidade a primeira base de Polícia Comunitária do interior de Alagoas.

Um dos aspectos mais representantivos dessa mudança foi a criação da feira livre. Denominado “Nossa Feira”, o projeto viabilizou a comercialização de produtos locais e a geração de ocupação para as pessoas da comunidade, passando a atuar como fator de interação entre a polícia e a população.

O projeto mobiliza cerca de 600 pessoas dos dois bairros e já representa uma fonte real de sobrevivência para pessoas que antes dependiam apenas do programa Bolsa-Família do governo federal.

“Com a feira livre, as pessoas daqui descobriram que podem ter uma renda maior, além de formar uma espécie de cooperativa, na qual o dinheiro que circula aqui, em torno de R$ 200 mil a R$ 300 mil por mês, pode ser investido na própria feira”, explica o soldado e idealizador do projeto Edson Pinheiro, que organizou também a Associação Comunitária do Conjunto Sagrada Família.

Edson Pinheiro participou da implantação do núcleo da Polícia Comunitária na cidade. Ele está lotado no Pelotão de Operações Policiais Especiais (Pelopes), mas acompanha de perto o andamento dos projetos. “A coisa mudou bastante com a chegada da Polícia Comunitária, como também dessa feira”, conta o cabo Rosenildo Sebastião dos Santos, um dos 17 militares integrantes do policiamento comunitário de União dos Palmares.

“Moro no centro da cidade, mas como ensino aqui, sempre compro verduras e frutas na comunidade”, disse a professora Jubaria Anjo da Silva, que leciona para crianças dos dois conjuntos, mas mora no centro de União dos Palmares.

“Com a feira e a chegada da Polícia Comunitária, quase tudo está mudando para melhor para essas pessoas do nosso conjunto, antes marginalizadas”, completa a moradora Maricleide Santos, que sempre compra na feira às sextas e aos domingos, dia de maior movimento. “Em nossas estatísticas, antes de a Polícia Comunitária se instalar aqui, a média era de três crimes por semana. Depois, só houve um homicídio, em dezembro do ano passado e outro em janeiro deste ano”, completa a moradora.

Com a feira livre, a realidade hoje aponta para um futuro diferente para cerca de 4 mil pessoas das duas localidades. O negócio foi levado tão a sério que foi regulamentado, com projeto de lei aprovado pela Câmara de Vereadores e sancionado pelo prefeito em dezembro de 2010.

Chama atenção na feira a disciplina e organização. “No nosso estatuto, os feirantes não podem nem fumar nem beber”, informa Edson Pinheiro.

“A feira tem como projeto também evitar a evasão de receita para outras localidades, ou seja, fazer com que os moradores consumam os produtos dentro da própria comunidade para que o negócio cresça e todos possam ganhar e usufruir”, completa o soldado. A feira funciona sempre às sextas-feiras e aos domingos.

“Moro aqui desde o início deste bairro, que sempre foi violento e toda semana tinha uma média de três homicídios. Mas com a chegada da Polícia Comunitária e da feira, muita gente daqui está melhorando o nível de vida, inclusive eu”, atesta o feirante Antônio Siqueira de Amorim, 37, que negocia com pães e doces na feira. Siqueira mora no bairro Nossa Senhora das Dores desde que tinha 2 anos.

Assim como os outros cerca de 400 feirantes que moram nos dois bairros, Siqueira se organiza em grupos formados para ter direito ao crédito para investir no negócio e adquirir o chamado capital de giro.

Os empréstimos à comunidade têm sido concedidos por meio do Crediamigo, do Banco do Nordeste. Chamado “crédito de inclusão”, a linha é dirigida às pessoas que queiram dar os primeiros passos em qualquer negócio.

“Aqui na comunidade do Nossa Senhora das Dores e no Sagrada Família, os créditos variam entre R$ 500 e R$ 3 mil e podem ser pagos em suaves parcelas, a juros de R$ 0,99%”, explica o gerente do Banco do Nordeste em União dos Palmares, Welyson Leão.

A Polícia Comunitária de União do Palmares, além de potencializar a feira livre, também tem promovido outros projetos de integração com a comunidade.

Um deles é a criação da orquestra de flauta doce para cerca de 400 crianças dos dois bairros. “Esse é um projeto de um maestro aqui de União e que pretende oferecer cidadania às crianças dos dois bairros,”, avalia o cabo Rosenildo.

Nas duas comunidades atendidas, há 1.050 casas, todas cadastradas, levando em conta número de pessoas de casa residência, renda familiar e até ocorrência de doenças entre os membros das casas dos conjuntos. “Em todas as residências, deixamos o número da Polícia Comunitária e a receptividade tem sido muito boa”, completa o subcomandante do 2° Batalhão de Polícia de União, major José Valdenildo, ao qual está subordinado o policiamento comunitário.

Fonte: Agência Alagoas

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