Os bons filhos de Anadia

Pensei muito, ouvi mais ainda, mas algo mais forte não me deixou calar. A quadra difícil porque passa a nossa amada terra, há de se buscar: amparo, sabedoria a nos guiar, garras para se segurar, um forte para se abrigar, uma luz para se seguir, um ponto aonde se mirar, de força pra se erguer.
“Mas ainda é possível ouvir estrelas, deixar que nossa luz nos oriente, ainda podemos rir como se a alegria fosse nosso melhor adereço. Sei que o que mais vale a pena é chamado de coisa pequena, que vira importante quando a gente deixa de achar que é grande.” Nos brindou Renata Fagundes.
Em uma longa conversa, sentado num banco da praça Dr. Campelo de Almeida, com meu amigo de infância Didi Paulino, entre outras, falamos de nossas aventuras, dos nossos pais, dos nossos tesouros… Entre risadas misturadas com lágrimas de saudades aí nos veio à lembrança.
Pra quem não conhece Anadia, sua topografia apresenta-se com um formato de uma cruz, e ai fica fácil situar, recordar onde moravam os nossos avós e pais. Sempre tive vontade de escrever algo sobre os filhos de Anadia, mas a partir de nossos ancestrais, acreditando não só contemplar os filhos, mas reavivar os belos exemplos que nos legaram. É imperativo, estão nos fazendo falta, encontramo-nos mais uma vez órfãos.
Sabedor de que o nosso solo é abençoado, pródigo em filhos, equânime em dividir saber e cultura, cultuo isto.
Seria frágil falar das nossas origens sem citar esses varões e matriarcas, que são como um tronco a nos sustentar, senão vejamos: Como se livrar da pergunta: Você é filho de quem? Quantas vezes a ouvimos como a nos dizer: já sei desta árvore vem bom fruto. E raras vezes o contrário.
Hercúlea e praticamente impossível seria a missão de citar todos em um só escrito, artigo ou até mesmo em um livro, mas me atrevo a citar os que na prosa com o amigo Didi Paulino, como se de um bom vinho provássemos, palatando seus nomes:
Manoel Domingos Souto, Antero Almeida, João Sapucaia, Jerônimo Ribeiro, João Doça, Dinamérico, Ramiro Gato, Manezinho Torres, Eurico Farias, Cajaíba, Francisco Patrício, João Teixeira, Anacleto Teixeira, Mestre Caboclo, Miguel Elísio, José Marques, Manoel Alvim, Seu Tota, Juca Pedrosa, Luiz Tenório, Zeferino Fidélis, Augusto Porto, Afrânio Porto, Valdemar Oliveira, Carlos Maranhão, Sebastião Laurindo, Seu Maia, Amarilho Teixeira, Cordelio Maranhão, Generino, Paulo Rodrigues, Juvêncio Rocha, Sebastião Bonfim, Zeca Olímpio, Liberalino Ribeiro, Pedro Bispo, José Braga, Juca Vasco, Peroba, José Eugenio, João Eugenio, João Alfaiate, Sebastião Palmeira, Durval, Gerson Araújo, José Torres, Sebastião Chagas, Joacy Palmeira, Otavio Priaca, José Ribeiro, Rosalvo Rocha, Miguel Roldão, Zequinha Henrique, Adelmo Bento, Seu Alcides, Darci, Manu Pinto, Olegário Freire, Antônio Fidélis, Turíbio Rocha, Alcides, Zeca Barbosa, Rufino Melo, Zacarias Trindade, Zé Leandro, Odilon, Né do Hotel, João Rio, Joãozinho Porto, Zeca Barros, João Pereira, Néo Fonseca, Josias Marques, José Viera, Olival Teixeira, Seu Dundé, José Barbosa, Antônio Julião, Aristeu Marques, João Telha, Joãozinho dos Santos, Zé Cula, Mané Dari, Pedrinho do Fomento, Antônio Caetano…
E as nossas Mulheres: Olímpia Aragão, Ana Cunha, Estela Ribeiro, Maria Barros, Dacira Rodrigues, Tia Mena, Licor, Ana Pereira, Tena do Cartório, Adélia Aranda Maru Pinto, Onélia Porto, Zezé Almeida, Anizia Fidélis, Marinha Porto, Maria Zezé Almeida Costa, Vicentina Araújo, Oscarlina, Ester Oliveira, Rosa Paulino, Maria Farias, Joaquina, Maria do Isauro, Rosinha Fidélis, Emília Fonseca, Rita Dâmaso, Celina Chagas, Nina Chagas, Elizete Pedrosa, Celina Marques, Daura Fidélis, Dalva Fidélis, Maria José Carneiro, Odete Pereira, Jadir Barros…
Antes que alguém queira me repreender por esquecer e deixar citar alguns nomes, que por certo, aqui não estão, fica logo patente as minhas escusas. Mas se avexe não! Estão todos escritos com letras de ouro no livro de eterna gratidão do povo de Anadia, portanto muito mais valioso que estas linhas por mim escritas.
Descrever estas emoções, compartilhar alegrias, saborear um tempo gostoso, aonde os valores eram outros, ricos, fartos em tudo de bom e sem medos, jogávamos prata no ar, com tristeza não é difícil constatar que por hora estamos pobres, carentes de exemplos dessas pessoas que fazem parte de um passado recente.
Fácil, extremamente fácil, para citar as mais diversas profissões exercidas pelos filhos deste pedaço de chão limpo chamado Anadia; médicos, advogados, administradores, psicólogos, pedagogos, escritores, poetas, engenheiros, professores, enfermeiros, arquitetos, militares, veterinários, agrônomos, mestre-de-obras, entre tantas outras profissões… E essencialmente homens e mulheres de bem, que tanto orgulho nos dão em vê-los honestamente espalhados mundo afora a vencer as etapas da vida, com características próprias dos que por aqui nascem.
Essa é uma singela homenagem aos meus contemporâneos, convicto de que sempre tive orgulho de ver citados os seus honrados nomes e de seus descendentes nas diversas páginas da vida, de forma honrada, brilhante e digna de quem é fruto desta terra.
Tornou-se famoso entre nós, o canto do uirapuru (que quando canta os outros pássaros emudecem) que magistralmente era contado em oratória por Ednor Amorim.
Diante da magnitude dos meus conterrâneos sinto-me como um caga-cêbo (pássaro pequeno, que era muito comum e habitavam os pés de Mulungu, Jenipapo e Ingazeira, hoje extintos e que margeavam o Rio São Miguel).
E confessando a minha saudade da Anadia de bem pouco tempo atrás e de todos nós, socorro-me de Pablo Neruda a nos falar: “Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida…”.

(*) Ex-secretário de Estado e filho de Anadia

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