Viva Nise da Silveira

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Nise da Silveira

No dia 15 de fevereiro de 1906 nascia Nise da Silveira na sua querida Maceió. Calma gente, é verdade que a nossa querida conterrânea nasceu em 15 de fevereiro, no ano de 1906. E por que então as comemorações oficiais de seus 105 anos nesse ano de 2009?

Posso rever a expressão de menina sapeca no semblante da famosa psiquiatra, quando me contou ‘esse segredo’. A verdade é que ela tinha apenas 14 anos quando entrou na Faculdade de Medicina da Bahia depois de passar com louvor nos rigorosos exames de admissão. Todavia, segundo os regulamentos, 15 anos era a idade mínima para iniciar o curso superior na famosa faculdade.

Adiantada um ano no curso de medicina, ela, na verdade é um espírito evoluído em eras, e, nessa passagem pelo planeta terra que durou quase um século de lutas, trabalhou intensa e obstinadamente para transpor o abismo entre “as pessoas ditas normais e aquelas que demonstram vivenciar estranhas experiências pessoais e do mundo”.

Na psiquiatria da época, a resposta era o choque elétrico que se recusou a aplicar nos internos do Hospital Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro. Numa pequena sala do hospital, abriu um atelier de pintura que mais tarde se transformou no Museu de Imagens do Inconsciente. A arte e o afeto foram as chaves para entrar em contato com os internos do Engenho de Dentro.

Para compreender o que era a esquizofrenia, ouviu loucos, filósofos, artistas, poetas. Numa palestra na Casa das Palmeiras cita a definição de esquizofrenia dada pelo interno Otávio Inácio, frequentador do Museu de Imagens do Inconsciente, semi-analfabeto, de cor negra: “A esquizofrenia consiste em uma doença em que o coração fica sofrendo mais do que os outros órgãos, então ele fica maior e estoura”. E faz o paralelo com a frase de Laing, líder do movimento de anti-psiquiatri inglesa: -“mesmo os corações partidos podem ser reconstruídos”. – “Isso significa – diz ela – que mesmo se os corações forem partidos pelas emoções, pelos maus tratos, pelas doenças, esses corações poderão ser reconstruídos”.

No trabalho de Nise, a terapêutica ocupacional é o cerne do processo criativo curativo, não apenas uma atividade de apoio. Nas pinturas e esculturas, os loucos dão formas aos seus delírios. Trazem das profundezas da mente imagens comuns a todos os seres humanos. Imagens que nos ajudam a prosseguir viagem nos momentos de desespero. Imagens que encontramos nas pinturas dos grandes mestres, nos versos dos poetas, nas orações dos místicos. Imagens que confirmam o conceito junguiano de “inconsciente coletivo”. Imagens que comprovam que a mente não está deteriorada, os corações é que estão partidos. Imagens que curam. Nesses tempos em que ressurgem e fazem sucesso as imagens da destruição, da crueldade, da cobiça e do egoísmo, é preciosa a herança de Nise que visa afinar, apurar, cultivar, levantar o nível das pessoas. Viva Nise da Silveira.

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