Confronto no Teerã deixa 19 mortos

Os confrontos entre manifestantes e policiais ocorridos neste sábado nas ruas da capital do Irã, Teerã, causaram a morte de ao menos 19 pessoas, informaram fontes nos hospitais da cidade. Os manifestantes pediam a realização de novas eleições no país, o que foi rejeitado ontem pelo líder supremo da Revolução, o aiatolá Ali Khamenei. Notícias não confirmadas dizem que o número de mortos nos confrontos pode ser superior a 150.

A polícia disse ter usado gás de pimenta, cassetetes e jatos d’água para dispersar a multidão durante os protestos. Porém, vídeos postados em diversos sites mostram que manifestantes que pareciam ter sido baleados.

O aumento da repressão ocorreu após as advertências de Khamenei, na sexta-feira. A máxima autoridade do Irã exigiu dos líderes da oposição –especialmente o reformista Mir Hussein Moussavi, segundo colocado nas eleições– que colocassem fim imediatamente aos protestos ou seriam os responsáveis diretos de um "banho de sangue".

Mesmo com a advertência, a oposição foi para as ruas hoje com uma nova reivindicação de Moussavi para que se repitam as eleições presidenciais.

Enquanto a situação nas ruas fica mais tensa a cada dia, o processo jurídico parece avançar. O Conselho de Guardiães, órgão que deve validar os resultados eleitorais, anunciou hoje que fará a recontagem de 10% das urnas instaladas para as eleições de 12 de junho, e que espera ter um veredicto definitivo até a próxima quarta-feira.

"Embora o Conselho de Guardiães não esteja obrigado legalmente, estamos dispostos a recontar 10% das urnas ao acaso na presença de representantes dos três candidatos derrotados", disse o porta-voz do Conselho, Abbas Ali Kadkhodaei.

O porta-voz acrescentou que o Conselho de Guardiães –integrado por seis clérigos e seis juristas– já começou a examinar algumas das queixas. Entre elas, afirmou, estuda-se a selagem incorreta de algumas urnas, a ausência de cédulas em muitos colégios eleitorais, a suposta compra de votos ou o trajeto percorrido por algumas das 13 mil urnas móveis que viajaram pelas áreas rurais. Em seus 30 anos de existência, o Conselho de Guardiães nunca anulou um processo eleitoral.

Martírio

Segundo aliados de Moussavi, ele disse estar "pronto para o martírio", se referindo ao fato de liderar os protestos que vão de encontro às determinações do aiatolá Ali Khamenei, pedindo uma greve geral caso seja preso.

O oposicionista disse neste sábado, entretanto, que não busca confrontar o atual regime islâmico do país.

"Nós não estamos contra o sistema islâmico e suas leis, e sim contra mentiras e desvios, e para reformar justamente isso", disse Moussavi em seu site.

Fonte: Folha Online

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