Navio veleiro Cisne Branco visita Alagoas

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Navio Veleiro Cisne Branco chega a Maceió

Considerado uma das ‘joias’ da Marinha Brasileira, chegou ao Porto de Maceió neste domingo, dia 18, o navio veleiro Cisne Branco. A embarcação é considerada uma cópia fiel dos mais rápidos veleiros do século XIX, os Clippers.

Durante sua estadia em Maceió, o Cisne Branco, que atualmente é comandado pelo capitão-de-Mar-e-Guerra Flávio Soares Ferreira, estará aberto para a visitação pública, nos dias 19, 20 e 21, no período de 14h às 17h. Na manhã deste domingo, a tripulação do Cisne Branco realiza a limpeza do navio.

Construído em Amsterdã, Holanda, pelo estaleiro Damen, sob encomenda da Marinha brasileira, o Cisne Branco é um projeto inspirado no desenho dos Clippers do século XIX.

O nome Clipper deriva do verbo inglês “To Clip”, que significa mover-se rapidamente. Foi usado genericamente, para batizar uma casta de embarcações longas e estreitas, inventadas no século passado, com missão de superar a lentidão das antigas embarcações com propulsão à vela.

A abertura do Canal de Suez e o advento dos vapores – lentos, mas economicamente vantajosos, representaram uma sentença de morte para os Clippers. Ele já estava virando peça de museu (o lendário CUTTY SARK, por exemplo, até hoje permanece conservado numa doca em Greenwich, na Inglaterra, onde pode ser visitado), quando foi salvo pela paixão de um amador e iatista sueco, chamado MIKAEL KRAFT. Foi ele que mandou ressuscitar a tecnologia Clipper num estaleiro de Langerbrugge, na Bélgica.

Batizado em 4 de agosto de 1999, o veleiro foi entregue ao Brasil em 1º de fevereiro de 2000, sendo incorporado à Armada Brasileira no dia da largada da Regata Comemorativa dos 500 anos do Brasil. As 4.000 mil milhas que separam as cidades de Lisboa e Santa Cruz de Cabrália constituíram, portanto, a sua primeira travessia.

Desenrolar das velas

Para desenrolar os 2 195 m² de velas, são acionados 18 mil metros de cabo. Na hora do ajuste de velas entra em ação o jarvis (o guincho que manobra 6 cabos ao mesmo tempo).

O Clipper leva a bordo um dessalinizador com capacidade para 12 mil litros de água/dia. Fica perto da casa de máquinas, onde reina um motor 1001 HP.

A configuração da área vélica obedece à Escala Beaufort, aquela que estabelece a correlação entre a velocidade do vento e o estado do mar. Assim, os 2.195 metros quadrados de pano são içados com vento de força 4 (de 11 a 16 nós). A partir daí, vão sendo recolhidos progressivamente, à medida que a força do vento vai se intensificando. Até o recolhimento total, com vento de força 10 (48 a 55 nós).

Para tudo funcionar em perfeito sincronismo, a tripulação é dividida por mastro. Um grupo fica responsável pelo mastro da frente, o traquete, outro, pelo mastro do meio, mastro grande: e um terceiro pelo mastro da popa, que é o da gata. Na operação, passando por 1 830 moitões, são acionados 18 mil metros de cabo de polipropileno com estilo de sisal; ou seja, tingidos de marrom, para parecerem envelhecidos. Onde eles são travados? Em nada menos que 300 malaguetas de três tipos diferentes, uma parte de aço, para os cabos que oferecem perigo (mantilhos e ostagas); outra, do mesmo tamanho, de madeira, para prender as escotas e as amuras; e uma terceira, menor de madeira, para apoiar os cabos que se pode mexer sem risco.

Os materiais e formatos diferentes têm o propósito de evitar acidentes durante as operações de emergência. “As malaguetas de aço transmitem uma sensação térmica diferente. São frias. Ao tocá-la, durante uma manobra de emergência à noite, ou sob tempestade, o marinheiro sabe que está em contato com um cabo de força, e não cometerá um erro”, explica o comandante de convés.

Para navegar com o CISNE BRANCO, seus comandantes tiveram que fazer um estágio de dois meses no Navio Veleiro GUAVAS, da Marinha do Equador, e outro de igual período no Navio-Escola português SAGRES II.

Explica-se – desde 1964, a Marinha Brasileira não tinha um navio veleiro de seu porte. O último foi justamente o SAGRES, que se chamava GUANABARA, quando foi vendido para Portugal.

Os outros dois veleiros que foram chamados de CISNE BRANCO tinham 79 pés e 83 pés de comprimento, respectivamente.

O segundo CISNE BRANCO foi usado pela Marinha entre 1980 e 1986, quando passou a Escola Naval, para servir como Veleiro de Instrução, até ser desativado no ano seguinte.

Superlativo

O comprimento do navio veleiro, 245 pés (ou 76 metros entre a proa e a popa), supera o de um Boeing 747-400, que mede 70,6 metros.

Seu eixo vertical corresponde a 46,40 metros um prédio de 15 andares entre a linha d’água e a ponta mais alta do mais alto dos mastros.

E para alimentar o motor CATERPILLAR de 1001 HP (consumo de 180 litros por hora), seu tanque de combustível leva nada menos que 50.700 litros de óleo, o suficiente para abastecer 350 caminhões – dos grandes.

Para navegação, possui um sofisticado equipamento de comunicação via INMARSAT (rede de satélites), que permite a transmissão de vozes e dados, um telefone de alcance global, dois radares, dois GPS, dois rádios HF, dois VHF e um sistema interno de comunicação por alto falante e rádio.

O primeiro Clipper com bandeira brasileira também leva a bordo uma caixa com 38 mil litros de água, suficiente para o consumo da tripulação durante cinco dias, e um dessalinizador com capacidade para transformar 12.000 litros/dia de água salgada em água potável.

Com capacidade para 82 tripulantes, os 20 camarotes são uma atração a parte. São cinco camarotes individuais e dois quádruplos, para os oficiais; três camarotes duplos, um triplo e cinco quádruplos, para os tripulantes; dez camarotes quádruplos, para o pessoal em treinamentos. Todos com banheiro privativo e equipados com sistemas de ventilação, ar-condicionado e aquecimento.

Com bom tempo e ventos favoráveis, o CISNE BRANCO pode navegar à 17,5 nós (aproximadamente 35 km/h). Durante a travessia Lisboa – Salvador, o melhor desempenho foi de 13,7 nós, com o vento de 24 nós, de través. Em ventos fracos, sua velocidade equivale a 60% do vento real. Ou seja, vento real de 20 nós, velocidade de 12 nós. O mais impressionante é como o barco se mantém estável, mesmo em mar aberto, sem o balanço típico de um veleiro.

Entre as tarefas principais do CISNE BRANCO, se incluem a representação da Marinha em eventos educativos, culturais, cívicos navais e a formação de marinheiros em atividades de vela e convés.

Fonte: Com Marinha do Brasil

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