Oposição buscará discutir o PAC nas eleições

Governo e oposição concordam em um ponto: no ano eleitoral de 2010, o crescimento do PIB do Brasil ficará entre 4% e 6%. O presidente Lula foi informado pela equipe econômica de que, no terceiro trimestre, a taxa anualizada deverá estar e torno de 7%. A oposição não rebate. Mas a convergência de ideias fica por aí. Os lados têm visões bastante opostas sobre o futuro do país e já afiam seus discursos para as campanhas.

"Vamos manter o debate de que o resultado positivo na economia é fruto de uma base construída no governo anterior [de Fernando Henrique Cardoso]", afirma o deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente do Democratas, o principal aliado do PSDB. "Atualmente, temos perdas de oportunidades. O governo atual não conseguiu resolver questões de saúde, segurança, gestão".

Cândido Vaccarezza, líder do PT na Câmara, discorda: "Ficou claro que o governo Lula é superior. Na última crise periférica vivida pelo Brasil, FHC e o partido Democratas (antigo PFL) responderam com aumento de juros e impostos e corte de investimentos".

O senador Aloísio Mercadante (PT-SP) ressalta que o Brasil é reconhecidamente um dos países que teve o melhor desempenho este ano, por ter sido o último a entrar e o primeiro a sair da crise. "Preservamos a estabilidade, em momento algum tivemos menos de US$ 200 bilhões de reservas cambiais", diz Mercadante. "As medidas do governo foram muito eficientes, a exoneração de setores como o automobilístico e de eletrônicos foi positiva e o varejo está em crescimento. Todos os dados mostram que a recuperação é forte e está se generalizando."

Para Mercadante, o ano de 2010 terá bom ambiente econômico e social. "A situação social será mais confortável do que na última eleição porque os programas de inclusão foram eficientes, mesmo na crise", diz.

Para 2010, o PT trabalha com a perspectiva de "aceleração de pelo menos 4% do PIB, inflação abaixo de 4,5%, juros nominais de um dígito, reservas cambiais superiores a US$ 200 bilhões, inexistência de dívida externa e redução significativa da dívida interna com relação ao PIB. O partido acredita ainda que haverá ampliação do investimento em 13,2%, crescimento real da massa salarial de 4,5%, desemprego em queda de 8,7% para 8%, aumento de, pelo menos, 4% no consumo das famílias, elevação de 8% nas vendas no varejo e reajuste real de 10% no salário mínimo. Os dados são da cartilha "A conjuntura atual e seus desdobramentos", compilada por Vaccarezza.

Os dados, no entanto, não impressionam políticos da oposição. "Está comprovado que a economia mexe com o voto nos dois extremos: numa expansão acelerada ou numa recessão acentuada. É preciso extirpar a inflação desses índices otimistas", diz Cesar Maia (DEM-RJ), ex-prefeito do Rio de Janeiro. "Descontada a taxa anual de aumeno dos preços, a economia estará crescendo algo em torno de 2,5% ao ano. Isso não influencia o eleitor."

PAC
A maior arena de debate promete ser o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), capitaneado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão do presidente Lula. O partido promete "manter e efetivar políticas que resgatem o investimento público e privado em infraestrutura" e cita as obras do PAC como exemplo. Opositores têm ressalvas.

"O governo federal só conversa. Sua capacidade de investimento é zero", afirma o deputado José Aníbal (SP), líder PSDB na Câmara. "Em 2009, o PAC avançou apenas 15%. Está em crise."

Para Rodrigo Maia, o PAC é "um caso de má gestão, que traz prejuízo grande". "O programa não progride, apesar da arrecadação", diz Maia. "Se a infraestrutura já estivesse em outro patamar, haveria mais empregos e mais oportunidades para a iniciativa privada."

"Sem logística e infraestrutura, criam-se gargalos imensos para o investimento privado", concorda José Aníbal.

Cesar Maia acredita, inclusive, que o PAC pode se tornar um fator favorável à oposição e não ao governo. "É uma marca que funcionou bem enquanto criou expectativas", diz ele. "Hoje, inverteu o efeito, pois se cobra o que se prometeu e não se cumpriu."

O partido do presidente Lula crê que a população pode ainda não ter conhecimento da extensão das obras do PAC, mas ficará bem informada quando começar a propaganda eleitoral.

"Com a aliança que fizemos (com o PMDB), conquistamos mais tempo de TV para mostrar ao Brasil todos os projetos estruturantes: construção de hidrelétricas, da ferrovia Norte-Sul, da Transnordestina, gasodutos, refinarias, reformas de estradas, viadutos, levantamento de linhas de energia e ampliação de serviços de saneamento básico", afirma Mercadante. "O importante é que a eleição permitirá a comparação do governo Fernando Henrique com o de Lula. Estamos preparados para o debate em todas as áreas. Nossos indicadores são consistentes e haverá um sentimento de vazio e comoção nacional quando Lula sair do poder. O povo vai eleger a Dilma. O terceiro mandato de Lula é a Dilma".

Fonte: IG

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