Avó materna de Sean elogia decisão do STF

A avó materna de Sean Goldman, 9,–menino pivô de disputa diplomática entre os Estados Unidos e o Brasil–, elogiou a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio de Mello, que concedeu nesta quinta-feira uma liminar (decisão provisória) que mantém o garoto, por ora, no país. Silvana Bianchi ainda negou que a criança sofra "tortura psicológica" –como alega o pai americano David Goldman–, e afirmou que ele pode visitá-lo quando quiser.

"Hoje eu senti orgulho de ser brasileira, de ver a Constituição do nosso país respeitada. De saber que a criança no Brasil passará ser ouvida", disse em entrevista à Folha Online, por telefone. À tarde, os advogados da família brasileira divulgaram cartazes que teriam sido feitos por Sean, endereçadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a seguinte frase: "Quero ficar no Brasil para sempre".

A decisão do Supremo foi anunciada um dia após o TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), no Rio, determinar que o menino retornasse em 48 horas aos Estados Unidos com o pai. Goldman desembarcou no país nesta quinta para encontrar com o filho, a quem não vê há seis meses.

O estrangeiro não escondeu sua decepção com a decisão do STF. "O que estão fazendo com o Sean é uma covardia. Eu tenho um carinho imenso por esse menino", afirmou.

À Folha Online Silvana negou que Sean sofra "tortura psicológica", e voltou a defender que o menino seja ouvido pela Justiça, para esclarecer se prefere continuar vivendo no Brasil –onde mora desde 2004–, ou se gostaria de morar com o pai nos Estados Unidos.

"A Convenção de Haia [acordo internacional relativo à proteção de crianças e à cooperação sobre adoção] verá o melhor para a criança. Uma criança que está há cinco anos no Brasil, plenamente adaptada dentro de um país onde ele tem uma irmã de sangue, na escola, […] isso tudo será levado em conta", afirmou a avó, em resposta aos argumentos de Goldman, que alega que a criança foi sequestrada pela mãe, a brasileira Bruna Bianchi (filha de Silvana).

Desde 2004, o americano David Goldman e a família da brasileira Bruna Bianchi, morta em 2008 durante o parto de sua filha com o segundo marido, disputam a guarda do menino Sean, que desde então vive no Brasil.

Visitas

A avó brasileira disse ainda que o americano sempre teve a opção de visitar o filho, e afirmou acreditar que ele não usufrui deste direito para que sua permanência seja configurada como sequestro.

"Sempre foi dada a opção de ele visitar o Sean a hora que quisesse. Nós sempre incentivamos muito que o Sean tivesse contato com o pai. Houve há algum tempo a estratégia jurídica [de Goldman] para que ele não visitasse o Sean, para ficar configurado que houve sequestro. Inclusive, ele descumpriu algumas vezes o trato que combinávamos: quando a gente marcava uma visita de quatro dias, ele só cumpria dois [dias]", completou Silvana.

Hoje à tarde, um dos advogados de Goldman, Marcos Ortiz, criticou o formato estipulado ao pai para visitar o menino, que classificou como "não ideal".

"O David pode encontrar a criança, mas em regime de visita. […] Não é um regime ideal, nem para ele, nem para a criança. Não há uma liberdade que permita um convívio amplo entre pai e filho, é muito restrito", afirmou.

Segundo ele, o estrangeiro, além de ter de pedir permissão à família brasileira, é impedido de deixar o condomínio onde a criança vive no Rio durante os encontros.

A disputa, entretanto, não deve acabar tão cedo. No Rio, Goldman afirmou que não irá desistir de obter a guarda do menino. "Já estou nessa luta há cinco anos, mas não vou desistir", afirmou.

Silvana, porém, rebateu a declaração: "Ele [Sean] assiste a todos os noticiários que quer, agora dizer que ele não tem maturidade para tomar essa decisão [se quer continuar no Brasil] é arbitrária. Ele tem que ser escutado."

Fonte: Folha Online

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