Trabalhar sob pressão aumenta distúrbio

Houve um tempo em que a cabeleireira Maria Aparecida de Souza, 49, não conseguia dormir. Ela sabia de cor toda a programação da madrugada na TV. Chegava com olheiras ao salão de beleza onde trabalha.

Naqueles dias, o pior, conta, era disfarçar o mau humor. "O serviço não rendia, eu ficava com moleza no corpo e com sono, mas tinha de trabalhar."

Há sete anos, Souza começou um tratamento no Instituto do Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O diagnóstico: a insônia era causada por ansiedade e depressão.

Ela foi medicada e, agora, consegue dormir seis horas seguidas -e trabalhar melhor.

Distúrbios do sono podem comprometer as atividades do dia-a-dia, pois afetam áreas como memória e concentração.

Segundo Flávio Alóe, coordenador do Laboratório do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, a maioria dos casos de privação do sono da população economicamente ativa é decorrência de alguns estilos de vida.

Fazer jornadas duplas de trabalho, assistir à televisão ou usar o computador até altas horas e depois acordar cedo para trabalhar podem acarretar problemas crônicos de sono.

Os profissionais que sofrem pressão para atingir suas metas são os mais suscetíveis a esses distúrbios, sejam eles bancários, executivos ou motoristas de caminhão, diz o neurologista J. Shigueo Yonekura.
Para esses trabalhadores, o estresse pode ser um dos vilões na hora de dormir. "Não leve os problemas profissionais para a cama", aconselha Yonekura.

Males

Segundo Ademir Baptista da Silva, neurologista da Unifesp, mais de 40% dos adultos nas metrópoles têm privação moderada ou grave do sono.

A insônia é a decorrência mais comum, mas há também casos de obstrução das vias aéreas durante o sono, fazendo a pessoa acordar diversas vezes. O distúrbio pode, ainda, causar males como obesidade, diabetes e doenças cardíacas.

Dormir e acordar em horários regulares e evitar cigarro, bebidas alcoólicas e com cafeína e refeições pesadas à noite podem ajudar a evitar problemas. Mas, para casos persistentes, vale procurar um médico.

Fonte: Folha

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