O número de usinas alagoanas fiscalizadas pela força-tarefa do Ministério Público do Trabalho (MPT) subiu para 12. Nesta terça-feira, 11, as equipes foram aos campos de corte da Taquara e da Destilaria Porto Alegre, em Colônia Leopoldina, a 112 quilômetros da capital, Cachoeira do Meirim e Utinga Leão, na região da grande Maceió.
Das quatro usinas, apenas a Utinga Leão não apresentou problemas. Nas demais foram constatadas irregularidades em relação aos equipamentos de proteção individual (EPIs); falta de abrigo para os trabalhadores no campo e de barracas sanitárias adequadas; jornada exaustiva; não divulgação da pesagem no horário estipulado na convenção da categoria, até às 9 horas. Eles cortam cana o dia inteiro sem saber quanto vão receber.
Na Cachoeira do Meirim, os procuradores do Trabalho encontraram alojamento em condições inadequadas, sem higienização nos banheiros e quartos; os trabalhadores não recebem roupas de cama. De acordo com o procurador Fábio Lopes, de Minas Gerais, foi constatado o não pagamento das horas “in itinere” (o percurso de casa para o trabalho e vice-versa).
Os cortadores de cana da Usina Taquara reclamaram que não há fornecimento de água. Eles levam para o campo o garrafão térmico, mas meio-dia acaba e eles não conseguem mais trabalhar. A empresa não fornece comida nem marmitas térmicas e os trabalhadores levam o almoço em vasilhas plásticas, o que acaba estragando o alimento.
Os irmãos Alexandro Batista e Carlos Roberto, quando vão almoçar, improvisam um local para almoçar, coberto com palha da cana, para amenizar o sol forte. Eles reclamam que os ônibus ficam distantes e os abrigos não são suficientes para todos.
Na Porto Alegre, os cortadores reclamaram do baixo salário e do horário de divulgação da pesagem da cana. Muitos estavam com EPIs gastos – luvas e botas inadequadas e rasgadas. Na mão que segura o facão, alguns trabalhadores usam luvas de plástico, compradas por eles mesmos, porque a usina só fornece uma.
Durante a fiscalização, um caminhão levou um taque de água potável para repor as garrafas dos trabalhadores. Mas eles disseram que uma semana atrás isso não acontecia. “A usina não fornecia água. Quando a nossa acabava, a gente tinha que pegar no riacho ou em algum outro lugar”, revelaram.
Tanto a Porto Alegre quanto a Taquara foram notificadas pela força-tarefa, para comparecerem à Procuradoria Regional do Trabalho, em Maceió, na próxima sexta-feira, dia 14. As empresas terão de apresentar documentos para análise.