Secretário Adriano Soares diz que sistema da Elógica era frágil
A relação entre o Executivo e a empresa Elógica, responsável pela elaboração da folha de pagamento dos servidores, foi tema de discussão no plenário da Assembléia Legislativa, na sessão desta quarta-feira, 28. O secretário da Gestão Pública (Segesp), Adriano Soares, fez uma explanação para explicar os motivos que fizeram o Estado a romper o contrato com a empresa. Uma suposta má gestão da folha gerou um prejuízo estimado em R$ 22 milhões para os cofres públicos.
O secretário fez uma apresentação visual, mostrando o antes e o depois na pasta, com a falta de condições físicas para os servidores executarem suas atividades e a fragilidade do sistema de gerenciamento da folha. “Descobrimos que a fragilidade do sistema administrado pela empresa Elógica permitia a qualquer servidor ter acesso a todas as senhas do sistema. Com isso, era possível modificar a vida funcional de qualquer servidor, como tornar um funcionário da ativa em aposentado”, exemplificou o secretário Adriano Soares. Ele citou o caso real acontecido com um servidor, cuja filha foi transformada em esposa, com o objetivo de receber a pensão vitalícia. De acordo com Soares, somente com adicional noturno, pago de forma indevida, foi gerado um prejuízo de R$ 1 milhão. “A folha de pagamento do Estado estava completamente terceirizada”, completou.
O secretário disse que ao receber a informação da fragilidade do sistema, discutiu o valor mensal do contrato, fixado em R$ 215 mil, o qual foi reduzido para R$ 115 mil. “Com essa economia, adquirimos equipamentos, mobiliário e um servidor, provavelmente o maior do Estado, que custou R$ 800 mil, para dar segurança a um setor importante para o Executivo”, disse Soares. Conforme o secretário, as senhas não eram criptografadas, apesar de a diretoria da Elógica prometer implantar esse meio de segurança no sistema.
Diante da explanação, o deputado Judson Cabral (PT), autor da proposta de convidar o secretário para comparecer à Assembléia, prometeu instar a Comissão de Fiscalização e Controle a acompanhar a auditoria permanente que o secretário prometeu iniciar em breve. “A comissão tem uma funções muito parecida com a de uma comissão de inquérito e cabe a ela acompanhar esse trabalho, principalmente porque esta mesma empresa Elógica confeccionava a folha do Legislativo”, afirmou o parlamentar.
O líder do governo na Casa, deputado Alberto Sextafeira (PSB), defendeu a bandeira da transparência no Executivo. “A função do Legislativo é fiscalizar, por isso a Assembléia convidou o secretário para fazer essa exposição para os deputados e o governo do Estado demonstra a sua transparência com a presença de um de seus auxiliares abrindo a realidade da folha salarial”, resumiu Sextafeira. O líder governista acrescentou, ainda, que esse tipo de debate engrandece e a sociedade é quem mais ganha.
Após a explanação sobre a auditoria feita na Segesp, que detectou o rombo de R$ 22 milhões na folha do Executivo, o secretário Adriano Soares respondeu aos questionamentos feitos pelos parlamentares. Dentre as várias perguntas feitas pelo deputado Dino Filho (PT do B), uma questionava se o secretário não se sentia constrangido em estar, atualmente, criticando o governo anterior, quando também integrou a estrutura da gestão passada, coincidentemente ocupando a mesma pasta.
Adriano Soares respondeu que não. “Não tenho constrangimento nenhum de ter trabalhado no governo de Ronaldo Lessa. Tenho muito respeito por ele. E procurei, durante o período em que estive lá, dignificar o exercício das minhas funções como agora o faço no governo de Teotonio Vilela”, declarou Soares, lembrando que após ter concluído sua gestão a frente da então Secretaria de Administração, ficou integralmente desvinculado do governo de Lessa, muito embora tenha se mantido como advogado dele enquanto governador e candidato. “Mas aí, já não estava mais vinculado ao governo”, reforçou.
