Política, ciência e humildade – José Wanderley Neto

Duas coisas no mundo são ilimitadas: o conhecimento cientifico e a estupidez humana. A frase é do cientista e filosofo Albert Eisntein. O significado da afirmação é de livre interpretação e se encaixa em muitas situações do nosso dia-a-dia. De minha parte concordo na íntegra com a sentença.

A primeira associação que me ocorre, como médico que lida com a ciência, é com o compromisso com a humildade. Quanto mais adquirimos conhecimento mais descobrimos a nossa ignorância. Para se ter uma idéia do lastimável nível de conhecimento, não sabemos sequer a origem das doenças mais freqüentes, a saber: artrite, doença cardiovascular e do câncer.

Por isto, devemos na nossa lida diária, procurar empregar o conhecimento cientifico ciente das nossas limitações e de que, na medicina, lidamos com gente que tem corpo mas também tem alma e não basta cuidar de só um deles pois são inseparáveis. Aliás este é um erro comum na pratica da medicina.

Nos Estados Unidos, boa parte das universidades já está incorporando em seus currículos temas ligados à espiritualidade. Por isto afirma-se que a medicina é ciência e arte. A arte é saber adequar e aplicar o conhecimento cientifico em beneficio do homem.

A segunda associação, como ator político, me remete também ao exercício da humildade. A política e a atividade médica fundamentalmente lidam com gente. Decisões que são tomadas erradas ou deixam de ser tomadas implicam em mudanças na vida das pessoas, com conseqüências muitas vezes irreparáveis.

O poder que é dado ao cientista vem do conhecimento que ele adquire e da capacidade de resolver problemas das pessoas. Ele advém de anos de estudos e pesquisas. O poder que é dado ao político vem da capacidade de convencer as pessoas que pode resolver seus problemas. No medico essa ação pode ser individual, na cura de um mal, ou coletiva, no caso da prevenção de doenças através de vacinas, por exemplo.

Na política também pode-se resolver problemas individuais e coletivos. Nos dois casos a escolha pelo coletivo é a mais abrangente e meritória. Saber exercer este poder que é concebido pelo povo é um exercício diário de administração de conflitos, de resolver o presente sem olhar o futuro e sobretudo de humildade. Na realidade esta coisa chamada poder não existe. É mais uma percepção das pessoas do que realidade.

Por isto devemos todos os dias ter a humildade como companheira a nos orientar, cientes que ao contrario da ciência este “poder”é finito e breve. Por falar nisso, o saudoso Sandoval Cajú que dizia : “nesse mundo, todos são passageiros, inclusive o motorista e o cobrador”. 16-11-2007

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