Estudante morre atropelado ao prestar ajuda

Caminhão atinge e mata estudanteApu Gomes/Folha Imagem

Apu Gomes/Folha Imagem

O universitário Fábio Carvalho da Silva, 24, morreu atropelado por um caminhão na noite de quarta-feira (17) após parar seu carro para ajudar o motorista de um Ford Ka parado na marginal Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. O motorista do caminhão ficou ferido; o do Ka fugiu.

Silva voltava para casa, em Osasco (região metropolitana), após mais uma noite de aulas no curso de ciência da computação que fazia havia dois anos no campus Butantã (zona oeste de São Paulo) da Universidade São Judas Tadeu. Ele estava na companhia da namorada e uma colega de faculdade, uma vizinha para quem dava carona. Pouco depois das 23h, ao se aproximar da altura do número 2.000, perto da ponte do Jaguaré, no sentido Castello Branco da marginal, avistou o motorista acenando em pedido de ajuda.

O universitário, então, parou o veículo na pista expressa, foi até o carro e auxiliou o motorista. Aparentemente, segundo relato de testemunhas, o problema era no radiador. Minutos depois, e com o carro funcionando, o motorista agradeceu Silva. Os dois estavam perto dos veículos quando, por volta das 23h50, um caminhão Ford Cargo 4030 não conseguiu desviar, atingiu Silva, que teve o pescoço quebrado, além de outros ferimentos pelo corpo, e morreu no local. O motorista do Ford Ka caiu na pista, se levantou e, ao ver o que havia acontecido, fugiu.

O caminhão também atingiu uma árvore e a defensa que separa da pista expressa da local da marginal Pinheiros. O motorista, João Inácio da Lima Filho, 31, foi socorrido e encaminhado ao pronto-socorro da Lapa (zona oeste).

A namorada de Silva e a amiga anotaram a placa do Ka. Mais tarde, no entanto, a polícia descobriu que a anotação estava errada –ou o carro estava em situação irregular, com dados de outro veículo.

Na manhã desta quinta-feira, o pedreiro Pedro, misturava dor e revolta no IML (Instituto Médico Legal), onde cuidava da liberação do corpo do filho.

"Se eu pudesse dar a vida por ele [Silva] já estava lá [apontando para o necrotério]. O que me conforta é saber que ele está com Deus agora", diz. Segundo depois, ao ser questionado sobre o que sentia a respeito da atitude do motorista do Ford Ka, chegou a citar "covardia". "Que Deus esteja no coração dele [motorista incógnito do Ka] para ele ter consciência do que fez. Ele poderia ao menos vir até aqui e me dar um abraço de conforto, que é o que estou precisando", afirma.

O ato de auxiliar pessoas era uma constante na vida de Silva, segundo amigos. Evangélico e trabalhador desde os 14 anos, segundo o pai, era aficionado por informática e financiou o Celta preto que dirigia.

Morava com a mãe em Osasco. Aos domingos, em vez de assistir aos cultos da Igreja Bíblica Memorial, no centro de Osasco, entretinha crianças com passagens bíblicas em uma classe ao lado do templo. Prestativo, alegre e um amante da vida, nas palavras da amiga, a dentista Cintia Pastor Veiga, 32, fazia planos de se casar e ter filhos logo após concluir o curso na faculdade.

Altruísta, auxiliava o amigo Alex Pereira da Silva, 30, na ONG Assim Ama. Sua função predileta era auxiliar no que podia no "Natal da Cidadania", evento criado pela ONG. Antes das lidas do final do ano, ele cuidava da manutenção do site.

Alex, coordenador pedagógico da rede de ensino, foi professor de Fábio na escola Josué Benedito Mendes, em Osasco. "Ele adorava crianças e era preocupado com questões de meio ambiente", afirma o amigo.

O corpo de Fábio será enterrado no cemitério municipal de Barueri (Grande São Paulo).

Fonte: Folhaonline

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