Renan pede ‘capitalismo ético’ contra crise

Agência SenadoRenan em discurso no Senado falou sobre crise nos mercados mundiais

Renan em discurso no Senado falou sobre crise nos mercados mundiais

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) elogiou nesta terça-feira (30) a sugestão apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a crise global seja discutida por bancos centrais de todo o mundo, na Basiléia, Suíça, onde está a sede do Banco Internacional de Compensações. Lula falou de sua idéia no dia 24, após encontro com líderes mundiais em Nova York, e nesta segunda-feira (29), em seu programa de rádio semanal Café com o Presidente.

Para Renan, o presidente tem emitido opiniões sensatas sobre a crise dos mercados globais. Uma delas é a advertênc ia de que "a ausência de regras favorece os aventureiros e oportunistas, em prejuízo das verdadeiras empresas e dos trabalhadores". “Agora, perante a catástrofe iminente, aqueles mesmos que reclamavam, há poucos meses, menos Estado, recorrem aos governos, com total desfaçatez”, criticou Renan, lembrando que nessas ocasiões os menos favorecidos sofrem enquanto os responsáveis seguem impunes.
Para o senador, a rejeição ao pacote de US$ 700 bilhões proposto pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao congresso norte-americano, além de derrubar as bolsas, "revelou um fracasso de liderança política de dimensões quase tão grandes quanto a crise econômica". Até porque outros dois pacotes, no valor total de US$ 300 bilhões, aprovados anteriormente pelo Congresso, não foram suficientes para trazer calma à cena financeira.

Renan mostrou cautela a respeito das conseqüências da crise para o Brasil. Estas dependeriam da intensidade e dos mecanismos disponíveis para enfrentar as turbulências, além da disposição da sociedade em geral de "responder à altura, preservando as bases da economia". Mas destacou a garantia dada por Lula em seu programa de que o mercado interno brasileiro poderá sustentar grande parte da economia, caso haja retração na economia internacional em função da quebradeira de bancos e escassez de crédito.

Segundo o senador, houve aumento nos preços das mercadorias que recebemos de fora e freio nas vendas de produtos brasileiros para o exterior, mas a queda nos preços dos alimentos e nos derivados do petróleo são algumas das conseqüências positivas da crise para o Brasil.
– Nosso Estado, acionado, acertadamente, para ajudar a superar as mazelas sociais com políticas de reparação e compensação, pode não suportar tamanho esforço, em meio à crise. É preciso fortalecê-lo, blindá-lo – alertou Renan.

De qualquer forma, ele acha que o Banco Central está fazendo a sua parte. Do ponto de vista global, o parlamentar entende que o sistema puramente liberal entrou em ruptura. Ele disse considerar necessário "repensar o capitalismo, passando da fase especulativo-financeira dos paraísos fiscais, de uma ‘economia de cassino’, para um capitalismo ético, primordialmente social e respeitador do ambiente.

– Esta é uma mudança não só possível quanto inevitável – afirmou Renan, apoiando-se na opinião do economista Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de 2001 e dirigente do Banco Mundial, para quem é preciso que os dirigentes políticos do Ocidente tenham a coragem de revisar seus dogmas ideológicos.

Do senador e ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP), Renan lembrou a interrogação, lançada durante discurso na Casa: "Como é que um país, que é líder no mundo inteiro, cometeu a imprudência de não fiscalizar, não regular as entidades financeiras, de tal maneira que o sistema bancário norte-americano traz grandes apreensões para a economia daquele país?".

Renan disse considerar urgente um plano de ação global, que envolva todas as nações – pobres e ricas:
– Eu conclamo, eu desafio os dirigentes mundiais a assumirem um compromisso aberto de luta contra a crise, em parceria com as organizações e a sociedade civil de todos os países – disse o senador.

Fonte: Agência Senado

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