As fanfarronices de um deputado

Quando dois ilustres cidadãos brasileiros falam de nepotismo, ambos se referem ao substantivo masculino aplicado a “autoridade exercida pelos sobrinhos ou demais parentes do Papa na administração eclesiástica”. Dizem ainda de “favoritismo para com parentes pelo poder público, preferência, proteção, patronato”. Os dois citados são os mestres Aurélio Buarque de Holanda e Antonio Houaiss, os maiores dicionaristas da língua pátria.

Pois bem. O deputado petista Paulão parece não entender absolutamente de lei, como também a exemplo do seu ídolo maior, nunca ter aberto um dicionário.A verdade é que a não ser que se trate de receber dinheiro de origem duvidosa (ou nem tanto duvidosa) do caixa dois imoral do Partido dos Trabalhadores, está sempre pronto para denunciar sem a menor responsabilidade com o politicamente correto.

Aliás, é bom que se alerte o parlamentar que o seu partido ganhou a eleição mas não foi absolvido da corrupção, dos crimes perpetrados contra a administração pública, da lavagem de dinheiro, da evasão de divisas, do mensalão e outras tantas falcatruas comandadas, gerenciadas e executadas por seus colegas de partido.

O próprio deputado sofreu nas urnas as conseqüências da marginalidade petista.Não fossem os votos dados ao jovem Rui Palmeira, que sustentaram a sua coligação, ele estaria fora da Assembléia Legislativa, bem como seu outro companheiro de partido, o brilhante e ético vereador Judson Cabral.

O deputado Paulão que tem assumido a postura exibicionista de falastrão no plenário da Assembléia sai com mais uma das suas ao encenar denúncia ridícula ao Ministério Público, acusando o governo que acaba de assumir pela prática de “nepotismo”, diante da nomeação da doutora Fernanda Vilela, para a Secretaria Estadual da Fazenda.

Vamos por parte: Fernanda Vilela é, sem dúvida, uma das inteligências mais brilhantes do empresariado alagoano. Especialista em Direito Tributário e Direito Internacional, autora de inúmeros trabalhos sobre as matérias, é respeitada nacionalmente e cobiçada por muitos setores da iniciativa privada nacional.

Sua gestão à frente do Sebrae colocou Alagoas na vanguarda de administração de resultados e serviu de modelo para a política nacional do órgão. Na Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool tem papel fundamental na condução dos sistemas tributários e de relações internacionais.

Não precisa, não queria e muito menos pensou em ir para a Secretaria Estadual da Fazenda. Não gosta de política, talvez por acompanhar as injustiças contra o seu pai, o nosso grande guardião da democracia brasileira Teotônio Vilela, as angústias do irmão senador e hoje governador e ainda por ser uma mulher inteligente e perceber que no jogo sujo e nas rodas de barganha política não haveria lugar para compor com a sua dignidade e seu caráter.

Foi convidada e relutou em aceitar.Foi “convocada” pelo irmão e não teve como dizer não.Pergunto eu: onde estão no gesto do governador o favoritismo, o protecionismo, a proteção, a preferência, que nos falam Aurélio e Houaiss?

Talvez na concepção do deputado fosse mais adequado convocar um de seus companheiros como Delúbio, Silvinho Pereira, Marcos Valério, todos especialistas em “finanças”, para a missão de arrecadar e saber gastar o dinheiro do povo alagoano. Uma piada de mau gosto.

Finalmente para arejar a cabeça vazia do deputado, é bom que ele saiba que a legislação permite,a ética no trato com a coisa pública exige e Alagoas precisa de Fernanda Viela na Secretaria da Fazenda.

*É jornalista e presidente do Instituto Cidadão

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