Atendado no "trem da amizade" que liga Índia e Paquistão deixa 66 mortos

EFEExplosões destruíram dois vagões do "trem da amizade

Explosões destruíram dois vagões do "trem da amizade

Pelo menos 66 pessoas morreram num atentado cometido na madrugada desta segunda-feira em um trem que liga a Índia ao Paquistão, um ataque destinado a prejudicar o processo de paz entre os dois rivais da Ásia do Sul, segundo fontes oficiais.

"Contamos 66 corpos até agora e mais 30 pessoas estão feridas. Elas foram levadas a hospitais de Nova Déli", declarou à AFP o comissário da Polícia de Panipat (norte de Nova Déli), Mohinder Singh.

Uma bola de fogo destruiu por volta da meia-noite de domingo dois vagões do "trem da amizade" que liga Nova Déli à fronteira paquistanesa, indicaram responsáveis oficiais. O comboio estava a 5 km da cidade de Panipat, a 100 km a norte da capital indiana.

O ministro das Estradas de Ferro, Lalu Prasad Yadav, disse que foi um atentado, acrescentando que as autoridades encontraram explosivos à base de querosene em duas malas no trem. "As intenções são claras: é uma tentativa para desestabilizar o processo de paz entre a Índia e o Paquistão", continuou.

"Testemunhas disseram ter ouvido duas explosões. A polícia encontrou um detonador no local e deduzimos que foi uma sabotagem", declarou o diretor-geral das Estradas de Ferro do norte da Índia, Vinoo Narain Mathur.

O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, condenou este ato "raivoso", assegurando que isto não vai interromper o processo de paz entre a Índia e o Paquistão. "Estes atos de terrorismo injustificáveis vão nos ajudar ainda mais a reforçar nossa determinação de atingir o objetivo comum de paz duradoura entre os dois países", afirmou o general Musharraf e comunicado divulgado pela Presidência.

O primeiro-ministro Manmohan Singh manifestou seu "sofrimento" e sua "tristeza". "Os culpados serão pegos", prometeu. As televisões mostram os bombeiros dentro dos vagões incendiados. Segundo o canal "Times Now", as brigadas de socorro demoraram 90 minutos para chegar ao local.

"Nós estávamos dormindo quando ouvi a explosão", contou uma sobrevivente à "Times Now". "As portas do trem estavam fechadas, nós não conseguimos abri-las e eu estava ficando sufocada", continuou.

"Os passageiros entraram em pânico. Foi o caos total no trem", contou outro sobrevivente à agência PTI.

O canal "New Delhi Television", citando os serviços de informação, comparou este atentado aos de 11 de julho de 2006 cometidos nos trens de Mumbai (187 mortos e mais de 800 feridos).

Depois destes ataques, a Índia congelou durante vários meses o processo de paz retomado com o Paquistão no início de 2004.

Nova Délhi acusa os serviços secretos paquistaneses (ISI) de apoiar grupos islâmicos da Caxemira indiana, suspeitos de ter coordenado estes atentados de Mumbai. Islamabad nega sempre.

As duas potências nucleares rivais já entraram em guerra três vezes desde a repartição de agosto de 1947, duas delas pela Caxemira, um território do Himalaia dividido em dois e reivindicado por cada um.

No âmbito do processo de paz, os dois países trocaram em 1º de janeiro deste ano a lista de suas instalações nucleares que eles se comprometem a não atacar em caso de guerra. No fim de 2006, eles decidiram também cooperar para a luta antiterrorista.

O expresso "Samjhauta" (ou "Expresso da Amizade") liga Nova Délhi A Wagah, sul da fronteira paquistanesa. Lá, os passageiros devem descer para pegar outro trem para Lahore no Paquistão.

O serviço ferroviário é um símbolo da aproximação entre os irmãos inimigos da Ásia do Sul. No entanto, estava suspenso desde o início de 2002 após um atentado contra o parlamento Indiano em dezembro de 2001, um ataque atribuído por Nova Délhi a militantes apoiados pelo Paquistão.

A linha do trem voltou a ser utilizada em janeiro de 2004.

Fonte: AFP, em Deewana

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