Nós, os encarcerados

Um amigo me contava que esta semana foi levar um filho seu ao aniversário de um colega em um restaurante. Chegando ao local da festa percebeu a presença de um reduzido número de jovens e estranhou uma vez que já passava do horário previsto. Mesmo assim o deixou, combinando a hora em que iria buscá-lo. Qual não foi sua surpresa quando meia hora após o garoto já ligava pedindo para apanhá-lo de volta. Ao retornar soube o motivo: a festa não iria acontecer, pois não havia número suficiente. A maioria dos pais temendo pela segurança dos filhos não permitiu que eles saíssem de casa.

A verdade é que Alagoas está assustada, apavorada com o aumento da violência que ganhou as ruas, invadiu os bares, restaurantes e pasmem: até as igrejas. Diariamente clínicas médicas e escritórios são assaltados, carros roubados, vidas ameaçadas sob a mira de armas pesadas. A rua virou um inferno.

Definitivamente estamos desprotegidos das ações dos bandidos a qualquer hora, em qualquer lugar. Postos de gasolina, bancas de revistas, casas lotéricas e até o principal shoping da cidade.

Pessoas estão morrendo banalmente, jovens e adultos feridos, seqüestrados e ameaçados por balas assassinas das mãos de marginais que adotaram o estado como domicílio.

Alagoas hoje é uma das “praças” mais atrativas para a marginalidade pelas facilidades encontradas nas ações dos criminosos. Não existe segurança, a policia é ineficiente, despreparada e desmotivada e o governo não leva a sério a gravidade da situação. Falam que o responsável pela Segurança dá “expediente de parlamentar” (de terça a quinta) até porque ninguém é de ferro e sua casa é em Salvador.

Os nossos presídios são paraísos de vulnerabilidade, onde só ficam os que querem. Nossas delegacias, caindo aos pedaços, sem estrutura e apoio, mais parecem pocilgas oficiais, com viaturas em situação precária e sem verba para combustível.

Tudo um patético e irresponsável faz de conta. Criam ou recriam um folclórico “Gabinete de Segurança” que vira palco de desfile de egos inflados, atritos pessoais, discussões fúteis e inúteis e nenhuma resposta concreta à sociedade que está apavorada.

O turismo alagoano, dirigido por outro “imigrante” da terra de Jorge Amado, está indo pelo ralo. Daqui a pouco teremos grande número de hotéis e pousados fechados pela imagem de insegurança de Alagoas, mostrada em prosa e verso lá fora, por jornais, revistas, televisão e também por aqueles que por aqui passaram e viveram a perversidade de um estado sem dono e sem comando.

As pessoas não querem mais sair de casa à noite, já não dormem enquanto os seus filhos não retornam, temendo pelo pior. Não se vê nenhuma ação efetiva de combate ao banditismo, os bares e restaurantes entregues às moscas e tudo indo para o buraco negro de uma guerra aberta entre o crime e a sociedade ordeira que paga impostos e escolhe seus dirigentes acreditando que sejam os melhores. As famílias alagoanas estão encarceradas, enquanto os bandidos são os donos da rua, festejando a ineficiência do governo que é incapaz de garantir a segurança do cidadão. Até quando vamos suportar?

Veja Mais

Cuidado com a dengue!

Com o verão, o receio de outra epidemia da dengue voltou a inquietar a mente de autoridades sanitárias e do...

A vez agora é dos gatos

A cachorrada ainda toma conta dos lares brasileiros! Hoje os cães de estimação compõem uma população de aproximadamente 67,8 milhões...

Deixe um comentário

Vídeos