Implantação de aterro continua gerando polêmica em Maceió

Luís Guilherme confirma opção da Prefeitura pela área de Guaxuma
Luís Guilherme confirma opção da Prefeitura pela área de Guaxuma

A audiência pública na Câmara de Maceió, realizada na tarde de hoje, foi marcada por forte discussão entre pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e representantes do setor imobiliário da capital.

A sessão proposta pelo vereador Galba Novaes (sem partido) começou logo após a sessão ordinária da Casa. A idéia era ampliar o debate, junto à sociedade, representantes do setor de engenharia e construção civil, hotelaria e turismo; e escolher a melhor área para implantação do aterro sanitário.

“O objetivo da discussão de hoje é chegar a uma conclusão sobre o aterro. Já que a escolha de Guaxuma, por parte da prefeitura vem desagradando à população e principalmente o setor da construção civil e do turismo, que acreditam que o potencial de crescimento urbano e turístico da área pode ser prejudicado”, afirmou Galva Novaes.

De acordo com pesquisadores da Ufal, Guaxuma possui qualidades técnicas para receber o aterro, sem implicar na degradação ambiental no local, nem tampouco prejudicar a expansão imobiliária. A professora do departamento de Geografia da Ufal, Nélia Calado, explica que o lençol freático está a 35 metros da superfície, a três metros de qualquer aglomerado populacional, a 500 metros dos corpos de água (mar) e a 200 metros da linha de drenagem, e por tanto, com capacidade de absorção dos impactos causados pelo lixo.

“O que a população e os demais interessados precisam entender é que aterro sanitário não é problema, é solução. A tecnologia de tratamento de lixo tem filosofia diferente do lixão. O projeto não vai prejudicar a expansão imobiliária, nem tampouco vai atrapalhar o setor turístico. Aterro é uma indústria cujo produto é o lixo. Se ele for concebido na sua essência, será ótimo”, afirmou Nélia Calado.

Reação da Ademi

Por outro lado, o setor imobiliário se mostrou radical à implantação do aterro em Guaxuma e reafirmou que será um grande problema, tanto para os moradores, quanto para o meio ambiente.

“Os pesquisadores da Ufal estão enganados em relação às informações transmitidas. O aterro em Guaxuma é uma aberração. Além disso, esta semana nos reunimos com o prefeito Cícero Almeida e ele já se propôs a rever outras áreas possíveis. É bom salientar que existem países como Itália, Espanha e Portugal, que querem investir naquela região, mas não vão querer se existir um aterro sanitário”, ressaltou o presidente da Ademi, Jubson Uchôa.

Assim como ele, o empresário Márcio Raposo, se pronunciou contrário à implantação do aterro no bairro de Guaxuma. “A discussão é até salutar, mas ninguém me convence que lixo é lindo. Maceió cometeu um grande erro no passado, há cerca de 25 anos, quando permitiu a instalação da Salgema no Pontal, destruindo uma das áreas mais bonitas da capital. Agora não vamos permitir que o mesmo aconteça com Guaxuma”, disse Raposo.

Ministério Público Federal

Em repúdio ao pronunciamento do presidente da Ademi, a procuradora da República, Niedja Kaspary, manifestou sua indignação acerca da “falta de respeito” à pesquisadora da Ufal e afirmou que o MP apóia inteiramente o trabalho dos pesquisadores.

“Quero manifestar minha indignação com a desconsideração ao trabalho sério desenvolvido pela equipe de pesquisadores da Ufal e não acho que devemos permitir agressões como as que ouvimos aqui. Devo confessar que a ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Federal não se preocupou devidamente com o setor imobiliário, porque acima de qualquer interesse está a minha preocupação com a saúde e o meio ambiente. Estou aqui para defender esses interesses e nada mais. Por estas razões, muita gente tem direcionado críticas ferrenhas ao MP, mas isso não tem a menor importância”, esclareceu a promotora.

“É a primeira vez na minha vida pública que vejo a população se manifestar contra um projeto que vai beneficiar a cidade. Ao invés de lutar contra a implantação do aterro, a população deveria – há muitos anos – ter se voltado contra a existência do lixão”, completou.

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