Consórcio europeu capacita pesquisadores em Alagoas

De 20 a 24 de agosto, 40 pesquisadores entre brasileiros e sul-americanos estarão reunidos em Maceió (AL) para uma atividade inédita em universidades públicas do Brasil: o treinamento de usuários de imagens dos satélites meteorológicos mantido pelo Eumetsat, consórcio europeu que reúne 18 países e oferta um dos sistemas de satélites mais avançados do mundo. O treinamento a ser realizado pelo consórcio é promovido no Brasil pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), única universidade do país a possuir a tecnologia de aquisição, recepção e tratamento de dados do satélite Meteosat-9.

“Nosso objetivo é a partir desta experiência de treinamento em Alagoas transferir a tecnologia dos satélites do sistema Eumetsat para outros centros de estudos e pesquisas universitárias de toda a parte sul do continente americano”, afirma Humberto Alves Barbosa, professor do Instituto de Ciências Meteorológicas da Ufal e organizador do evento. No “Workshop Internacional de Satélites Meteorológicos para Usuários Sul-americanos” pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e do consórcio europeu vão apresentar as inúmeras viabilidades para a implantação do sistema.

Numa iniciativa pioneira no Brasil, a Ufal implantou em maio de 2007 a primeira estação universitária brasileira de recepção de dados do satélite Meteosat de Segunda Geração (MSG). O satélite é o 9º de uma série iniciada em 1977, resultado de iniciativa da Agência Espacial Européia (ESA) para a produção de dados primários relacionados à previsão de tempo e condições meteorológicas. A Eumetsat (Europe’s Meteorological Satellite Organization) é uma organização intergovernamental que reúne Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Suécia, Suíça, Turquia e Reino Unido. Mais sete países do leste europeu mantêm acordos de cooperação com a organização européia.

Em 30 anos, a Eumetsat já lançou outros 9 satélites da série Meteosat, culminando com o posicionamento em órbita geoestacionária do Meteosat. Junto com os satélites da série Goes, o Meteosat completa a rede internacional de observação meteorológica da Terra, em órbita a 36.000 quilômetros de altitude e capaz de cobrir 42% da superfície do planeta. “O sistema oferece transmissão de dados via vídeo digital de altíssima qualidade, mapeando a Terra com o fornecimento de informações precisas em intervalos de 15 minutos, o que nos permite aperfeiçoar previsões podendo antecipar acontecimentos meteorológicos em até 12 horas, período considerado muito reduzido de acordo com padrões internacionais”, ressalta Barbosa.

Ainda de acordo com o pesquisador “o Brasil possui histórica vocação agrícola, atividade que vem ganhando força, nos últimos anos, mas certas regiões do país ainda são carentes de informação sistemática sobre o monitoramento de tempo e clima, com impactos sobre a agricultura e meio ambiente. Por isso, ter acesso às informações e dados fornecidos pelo Meteosat são fundamentais para a tomada de decisão em tempo hábil”.

Consórcio e Universidade querem “transferir” tecnologia

Entre os diferenciais da tecnologia de transmissão de dados do satélite, chamada de sistema EumetCast, a simplicidade nas instalações de equipamentos, o refinamento dos dados transmitidos e o baixo custo para a instalação são citados por Barbosa como fundamentais. “Em termos técnicos, simplificando, basta ter um computador, uma antena e um decodificador, o que em se tratando de custos somam, no máximo, R$ 8 mil reais, valor extremamente acessível”, afirma Barbosa.

Mas o grande atrativo é o custo para a recepção dos dados: zero até 2010. Protocolo firmado pelos países membros do consórcio disponibiliza de forma gratuita nos próximos três anos para países da América do Sul, desde que com fins científicos, as imagens e dados do sistema EumetCast. Para ter acesso basta ter o uso autorizado pelo consórcio.

Por isso, a meta do evento é disseminar a tecnologia qualificando pesquisadores dos países beneficiados, pois com investimentos financeiros reduzidos, os dados podem ser de grande valia para países em desenvolvimento como os sul-americanos. “Ao manipular as informações de forma apropriada podemos desenvolver estudos sobre potencial eólico, mapas de vegetação, geoprocessamento, previsões meteorológicas indispensáveis à agricultura, além de uma gama imensa de vetores capazes de balizar pesquisas, políticas públicas e investimentos”, diz o pesquisador, doutor em Sensoriamento Remoto pela Universidade do Arizona (EUA).

No Brasil, só duas instituições, ambas não universitária, possuem acesso ao sistema: O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A meta da é transferir esta tecnologia para os demais estados brasileiros e para países a América do Sul. O evento acontece no auditório da ESAMC, localizando na rua Sandoval Arroxelas, 239, Ponta Verde. Mais informações sobre o Workshop em http://www.dmd2.com.br/eumetsat/.

Fonte: Assessoria

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