PRT confirma irregularidades em usina

Revolta, raiva e indignação. Esses foram os sentimentos demonstrados, no protesto desta quinta-feira, pelos trabalhadores rurais da Usina Santa Clotilde, localizada no município de Rio Largo. Às 8h30 eles foram até à administração da usina, ameaçaram invadir o prédio e queimaram pneus, alegando que a empresa desrespeitou o que foi acordado com a Procuradoria Regional do Trabalho de Alagoas (PRT), durante a paralisação da quarta-feira, 21.

Nesse clima tenso, que teve até a presença do Batalhão de Operações Especiais (Bope), o procurador-chefe da PRT, Rodrigo Alencar, foi chamado pelo Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar de Alagoas para tentar nova negociação com a empresa e os trabalhadores. Após quase cinco horas de diálogo, Alencar conseguiu acalmar os ânimos e marcou a assinatura do termo de compromisso para esta sexta-feira, às 17h, na sede da PRT.

O termo atenderá as reivindicações dos trabalhadores, das quais estão a mudança na pesagem da cana e a redução da jornada de trabalho aos sábados. Que será até as 11 horas. A partir de agora, a pesagem será feita pela média de duas áreas escolhidas pelos trabalhadores e duas pela usina.

A usina terá de providenciar água potável e fria para os trabalhadores no campo e não descontará os dois dias de paralisação. Também estará obrigada a devolver as Carteiras de Trabalho registradas, pagar o décimo terceiro salário no dia 8 de dezembro, fazer a reposição de ferramentas e dos equipamentos de proteção individual – botas, luvas, óculos – e providenciar melhorias no alojamento, onde são acomodados os cortadores que vêm de outros municípios.

Segundo protesto

O motivo do protesto, segunda paralisação em menos de 24 horas, de acordo com os cortadores de cana, foi por causa da ordem que receberam do administrador, conhecido por Zé Quitério, de que teriam de cortar 14 braças de cana e só receberiam o equivalente a uma tonelada, ou seja, R$ 3,20.

A denúncia dos trabalhadores foi comprovada pelo procurador. Na área onde os trabalhadores teriam de cortar 14 braças para dar uma tonelada, após a pesagem, constatou-se que nove braças eram o equivalente a uma tonelada. “Agora não temos mais dúvidas e essa distorção será resolvida com a nova metodologia de pesagem, porque os trabalhadores e a usina vão escolher as áreas e será calculada a média”, afirmou Alencar.

Escravidão melhorada

Resolvidas as questões no campo, o procurador e os integrantes da comissão de Gerenciamento de Crises foram conhecer as instalações do alojamento, onde vivem cerca de 150 homens, vindos, em sua maioria, de municípios do sertão alagoano. A principal reclamação é a falta de água para tomar banho, beber e lavar a roupa. “Tem vez que a gente chega e não tem uma gota d´água. A saída é tomar banho no rio, senão a agente dorme sujo. Não tem água nem pra lavar as panelas da refeição da noite”, reclamaram.

Mas não foi só a falta de água que deixou a equipe de fiscalização preocupada. As condições do alojamento foram consideradas insalubres e inadequadas: quartos abafados, sem higienização, muito mosquito, comidas amontoadas no chão, colchões inadequados, entre outras irregularidades.

Diante das condições que estão sendo submetidos os trabalhadores, o procurador exigiu, de imediato, que a usina resolva a questão da falta de água, com a colocação de mais uma caixa d´água, já a partir desta sexta-feira, bem como, seja feito o recolhimento do lixo para evitar a proliferação de moscas e mosquitos. “A usina terá de colocar um contêiner para que o lixo não seja jogado no terreno vizinho do alojamento”, enfatizou Alencar.

Quanto às demais irregularidades, o procurador vai preparar documento de acordo com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho para que sejam feitas as modificações no alojamento.

Fonte: PRT

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