A verdade sufocada

Nestes sete meses de crise, venho buscando forças num dos mais simples e elementares princípios humanos: a verdade. E é com ela, desde o início, que tenho tentado me defender, embora muitas vezes, os fatos não interessem a alguns, apenas as versões. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. A epistemologia se ocupa do conhecimento da verdade. Mas, no mundo dos homens, a "verdade" é a realidade como ela é.

As acusações a que respondo neste momento no Senado carregam o estigma do revanchismo de um adversário político que foi derrotado nas eleições para o governo de Alagoas, quando apoiei o meu fraterno amigo de sempre, Teotônio Vilela Filho.

Sou falsamente acusado de ter mantido uma “sociedade oculta”, em empresas de comunicação, com João Lyra. Nada há, nos autos, que vincule o meu nome a qualquer sociedade com esse senhor. Os antigos donos das empresas, Nazário Pimentel e Luiz Carlos Barreto Góes, afirmam, peremptoriamente, que venderam o jornal e a rádio a João Lyra. Ninguém melhor do que os vendedores para dizer quem é o comprador.

Ademais, todos os documentos referentes à transação, arquivados na Junta Comercial de Alagoas, revelam que o negócio se deu entre Nazário Pimentel, Luiz Carlos Barreto, João Lyra e José Carlos Paes. Não há uma única escassa referência ao meu nome.

Nego veementemente as acusações. Mesmo inocente, paguei um alto preço por tais infâmias. Por elas, fui atacado publicamente, minha família sofreu e sofre muito. Percorro um longo calvário na esperança de ver ao menos amenizado o estrago causado na minha honra, meu bem mais valioso. Este é o único patrimônio que desejo preservar.

A pena que se propõe equivale a uma sentença de morte cívica, uma violência sem tamanho, que, na prática, vai além da vida para ecoar na eternidade. Seriam 15 anos fora da política, somados os oito anos de inelegibilidade com os três anos que faltam para findar o mandato e mais os quatro anos até a primeira eleição geral depois do cumprimento da punição. Tenho 52 anos de idade. Quando viesse a ter condições de disputar novamente um pleito eleitoral estaria com 67 anos, numa fase em que o horizonte da vida é curto e descemos, a passos trôpegos, os poucos degraus que restam para a região do limbo.

Não fui sócio, ostensivo ou oculto, de João Lyra. Também nunca pedi dinheiro a quem quer que seja para renovar concessão de rádio alguma. Portanto, não mereço o castigo proposto. Chego a indagar por que a palavra manchada pelo ódio, pelo rancor sem limites de um adversário político local, teria mais valor que o conjunto de documentos e depoimentos que estão nos autos. Não pode ter.

Cada um constrói o seu caminho. E nós, que escolhemos a carreira parlamentar, percorremos um dos mais dignos e mais difíceis: o do voto popular. Condenar-me com base nas circunstâncias que envolvem esse caso significaria deitar por terra essa manifestação de centenas de milhares de alagoanos em eleições livres, infelizmente prestigiando uma trama protagonizada por um adversário local, cujo nome, métodos e caráter o povo de Alagoas, e até de outro estado, rejeitou.

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