A volante ataca Angico

Alagoas24horasVolante que matou Lampião

Volante que matou Lampião

Na madrugada de 28 de julho, as volantes policiais com quase 50 homens, seguiram do porto de Piranhas em direção ao povoado de Entremontes. O percurso silencioso pelo rio era chefiado pelos policiais, tenente João Bezerra, aspirante Francisco Ferreira de Melo e sargento Aniceto Rodrigues. O objetivo dos militares era localizar os irmãos Pedro e Durval, proprietários da fazenda Angico e coiteiros de Lampião.

Naquela época eram chamadas de coiteiros as pessoas que davam proteção a integrantes do Cangaço. Muitos fazendeiros e coronéis da região assim procediam, alguns conseguiam até mesmo a façanha de manter boas relações com cangaceiros e policiais.

A recusa de Pedro de Cândido

Dispostos a surpreender Lampião e seu bando enquanto estes dormiam, parte do grupo das volantes policiais atracou na fazenda Remanso, a poucos quilômetros do povoado, enquanto os soldados Elias e Bida remaram até Entremontes para buscar Pedro de Cândido, o coiteiro.

Acordado na madrugada, o fazendeiro se recusou acompanhar os soldados, alegando que não poderia deixar a mulher sozinha em casa, uma vez que tinha a visita de outro fazendeiro amigo, dormindo em sua casa naquela noite. A desculpa era uma estratégia para ganhar tempo e evitar o confronto com a volante policial.

Segundo Inácio Loiola, tal argumento representou alívio também para o tenente João Bezerra. Conforme pesquisou o prefeito de Piranhas, Bezerra era casado com uma das sobrinhas do fazendeiro Hercílio Brito, rico latifundiário das regiões de Canidé e Própria, que por diversas vezes havia oferecido proteção a Lampião em suas fazendas. Numa dessas estadias, Bezerra e Lampião teriam estreitado laços.

“Quando os soldados voltaram e comunicaram a recusa de Pedro de Cândido, o delegado Francisco Ferreira de Melo determinou: Volte lá e traga ele vivo ou morto. Ao retornarem novamente, trazendo o coiteiro, Bezerra ainda tentou conversar separadamente com ele, entretanto, após a volante surpreender o segundo irmão, Durval, de 17 anos, dormindo em Angico, foi impossível evitar o confronto ”, conta Loiola.

Polêmico envenenamento

Uma das teorias polêmicas sobre a morte de Lampião dão conta do possível envenenamento de pães e bebidas (conhaque) servidos pelo coiteiro Pedro de Cândido. A hipótese, descartada pela maioria dos historiadores, é uma das versões narradas no livro do sergipano Alcino Alves Costa, autor de ‘Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico’, embora rejeitada por familiares do coiteiro.

O sobrinho Francisco, guia turístico na região de Piranhas, conta que o tio só entregou Lampião porque foi torturado, teve unhas arrancadas e a barriga cortada de punhal. Sobre a possibilidade de envenenamento, rebate a hipótese com outras perguntas. “Se foram envenenados, como sobrevieram os outros 40 que conseguiram fugir?”, dispara.

“A única verdade é que soldado Antônio Jacó matou Luís Pedro”, diz Inácio Loiola referindo-se ao cangaceiro que era o braço direito de Lampião. Entre verdades e mentiras, a lenda sobre o mito Virgulino Ferreira da Silva sobrevive em versões que transcendem a própria história.

Alcino Costa conta que as teorias levantadas por seu livro foram construídas com base em depoimentos de ex-volantes e ex-coiteiros. “Lampião era uma inteligência tão sublime que vive até hoje a zombar de todos nós”, afirma o escritor, para quem a morte do Rei do Cangaço permanecerá durante muito tempo como um grande mistério.

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