Em nome do pai

Há alguns dias, enquanto fazia uma reportagem pelas ruas da cidade, recebi um telefonema da minha filha. “Feliz Dia dos Pais”, dizia uma vozinha doce, do outro lado da linha. O gesto espontâneo, vindo de uma criaturinha que me foi dada como dádiva por Deus, me encheu de alegria e de uma infinidade de imagens, que foram pulando da minha mente como se fossem um filme tantas vezes visto.

À medida que as palavras ecoavam no meu cérebro, ia repassando na memória os tantos momentos felizes que tive desde que minha filha nasceu. Ou bem antes, a partir do momento que soube que iria ser pai, em especial quando ouvi seu coraçãozinho bater pela primeira vez, durante o exame de ultra-sonografia.

Confesso que, nessa hora, a primeira reação foi querer abraçar o monitor da máquina de ultrassom, onde uma imagem ainda indefinida me mostrava que eu iria ser pai. Mas o bom senso me aconselhou, numa conversa de pé de ouvido, que eu iria parecer ridículo se fizesse isso.

Muitos pais choram quando os filhos nascem. Outros riem. Outros pulam. Eu fiquei estático. Tão estático que esqueci de fotografar o parto, só me lembrando de apertar o botão ma câmera quando minha filha já estava recebendo os primeiros cuidados da enfermeira.

A verdade é que o homem só cai em si no tocante a paternidade a partir do nascimento do filho. Antes disso, o privilégio é dado à mãe, que acompanha a cada minuto as transformações que se processam em seu corpo.

Nascida, a criaturinha já trata logo de lhe dá a primeira lição, mostrando, ainda sem palavra e quase sem gesto nenhum, um outro sentido para a vida, mais completo, mais bonito e, acima de tudo, mais adorável.

E a partir da primeira lição, o aprendizado é ininterrupto. Para o pai, é claro, que vai ficando bestificado com as coisas lindas que lhe vão sendo mostradas por aquele ser tão pequeno e – ao mesmo tempo – tão grandioso.

Não sei se sou um bom aluno, mas pelo menos me considero esforçado. Sei que tenho muito o que aprender. E se nesse momento, eu tivesse direito a um pedido – um apenas –, eu imploraria para que minha filha continuasse me ensinando até os últimos dias da minha vida quando, bem velhinho (espero que eu tenha o privilégio de envelhecer), ela ainda tenha paciência para me mostrar coisas simples, e que por certo serão complicadas para mim no futuro, como usar uma fralda geriátrica, quem sabe.

Por ora, gostaria de dizer que no Dia dos Pais eu não queria ganhar presente, porque Deus já me deu um de valor inestimável, quando me concedeu a graça de ser responsável por uma vida que cresce aos poucos e que me enche de alegria infinita.

Queria também agradecer ao meu pai, que me ensinou, de forma muito sábia e sem que eu soubesse, o verdadeiro sentido de amar um filho.

E que bela lição ele me deu…

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