Alimentação inadequada causa perda de produtividade

A alimentação inadequada no trabalho está causando uma perda de produtividade de até 20% dos trabalhadores em alguns países. A conclusão é da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que publica um relatório sobre a relação entre a produtividade e a alimentação de empregados. Segundo o relatório, um dos exemplos que deveria ser observados é do vale-refeição que existe no Brasil e que serve à 9 milhões de trabalhadores. A OIT alerta, porém, que o valor do tíquete no País é bastante inferior ao que é dado em outros países, mesmo na América Latina.

No contexto internacional, um problema evidente é má nutrição que atinge 1 bilhão de pessoas, muitas delas que precisam trabalhar para sobreviver. Segundo a OIT, o aumento de 1% no volume de quilocalorias consumidas por um trabalhador resultaria em um aumento de produtividade de 2,27%. No Sudeste Asiático, por exemplo, a falta de ferro entre os trabalhadores gera uma perda de produtividade que poderia ser equivalente à US$ 5 bilhões. Na Índia, a má nutrição e doenças geradas pela falta de alimentos poderia estar causando uma queda de produtividade que custaria à economia entre US$ 10 bilhões e US$ 28 bilhões. Isso representa entre 3% e 9% do PIB da Índia.

A perda de produtividade em muitos locais, porém, não é causada pela falta de alimentos, mas pela obesidade. Nos Estados Unidos, o problema já custa 7% de todos os gastos no setor de saúde. O custo econômico da obesidade para empresas é de US$ 12,7 bilhões apenas em pagamento de seguros e licenças. Isso sem contar a perda de produtividade equivalente à US$ 3,9 bilhões. Essas realidades demonstram que, tanto para os pobres como para os ricos, uma boa alimentação no local de trabalho pode ser fundamental. O que a OIT quer é garantir que pelo menos uma boa refeição seja oferecida a cada trabalhador. O tema será tratado a partida da semana que vem em Miami no congresso anual da OIT sobre segurança e saúde no trabalho.

Entre os vários efeitos das refeições adequadas no local de trabalho seria a diminuição do número de ausências por causa de doenças ou mesmo acidentes. A OIT admite que um dos obstáculos é que cantinas ou refeitórios de empresas e fábricas nem sempre estão entre as prioridades da administração. Muitas oferecem uma alimentação pouco adequada para o trabalho realizado pelos funcionários. Além disso, máquinas automáticas espalhadas pelas empresas normalmente contam apenas com alimentação pouco saudável.

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O Brasil é destacado com um exemplo de implantação de um sistema que teve sucesso: o do vale-refeição. O sistema beneficiava 10% dos trabalhadores segundo dados de 2002. Por dia, 5 milhões de vales são usados nos restaurantes do País. O sistema também existe em países ricos, como na França. "Mas no caso do Brasil, vemos que o País é um exemplo de como os vales podem funcionar em uma economia em desenvolvimento", afirmou Christopher Wanjek, autor do estudo. Segundo ele, os vales acabam criando incentivos para o estabelecimento de restaurantes nos arredores de grandes empresas "Isso acaba até mesmo criando empregos", afirmou.

Mas a OIT alerta que existem problemas ainda no uso dos vales no País. Um deles é o fato de a camada mais pobre da população não ter acesso. As pequenas empresas que atuam no setor informal não podem oferecer esse benefício a seus funcionários. Outro problema é o valor médio dos tíquetes que, segundo a OIT, é de 1,40 euros. "Isso não daria para muito", afirma o estudo. Na Bélgica, o valor médio do vale é de 5 euros, contra 7 euros na Finlândia, 6,6 euros na Argentina, 3,9 euros na Colômbia, 4 euros na Alemanha.

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