Durante a discussão do Projeto de Lei de Conversão23/05 (da MP 252/05, conhecida como MP do Bem), o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) registrou, em Plenário, telefonema do ministro das Relações Institucionais, Jacques Wagner, anunciando um acordo para acabar com a greve de fome do bispo de Barra (BA), dom frei Luiz Flávio Cappio, que já dura dez dias.
De acordo com Renan, o bispo teria aceito a proposta do governo de vincular recursos do Orçamento para a revitalização do Rio São Francisco no prazo de 20 anos. Também aceitou um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para aprofundar o debate sobre o tema, tão logo suas condições de saúde melhorem.
Apesar de manter uma posição discreta em relação ao assunto, em nome da harmonia entre os entes federados, o presidente do Senado admitiu sempre ter sido contra o projeto da transposição nos moldes estabelecidos pelo poder público.
Em aparte, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) perguntou se as obras seriam de fato paralisadas, o que foi confirmado por Renan.
Também o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse estar satisfeito pela reabertura do diálogo entre o governo e o bispo. Mercadante reconheceu a legitimidade de sua manifestação, porém ressaltou o caráter delicado da questão por envolver o princípio do direito à vida defendido pela Igreja Católica. Mercadante fez questão de lembrar que o presidente Lula é uma pessoa aberta ao diálogo, por sua longa tradição como líder sindicalista, mesmo em situações difíceis. Lembrou ainda que o papa João Paulo II havia manifestado posição favorável à transposição do rio.
O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), por sua vez, manifestou satisfação pelo desfecho da situação, lembrando que o bispo aguardaprovidências imediatas para a revitalização do rio.
