"Tipo assim…"

“O PMDB e o PSDB em Alagoas continuam aguardando algumas decisões em Brasília para se posicionarem na eleição deste ano. Tipo, se a queda da verticalização é válida para este ano e onde vai estar o PMDB na sucessão presidencial.”

A nota reproduzida acima, publicada no diário “O Jornal”, apresenta uma construção sintática típica da linguagem oralizada de certos grupos.
A palavra “tipo”, que pode significar “marca”, “modelo”, “símbolo” etc., não é uma preposição ou elemento de ligação. A intenção de quem escreveu o texto era usar a palavra “tipo” para estabelecer uma relação sintático-semântica entre as orações. Ora, que relação pode ser essa?
O “tipo” aparentemente está no lugar da locução explicativa “por exemplo”. Não bastaria, entretanto, substituí-lo por essa expressão no contexto, pois há uma lacuna do ponto de vista sintático, a ser preenchida com um verbo transitivo direto, cujo complemento se inicie com a conjunção integrante “se”.
Parece complicado, mas não é. A partícula “se” (no trecho “se a queda da verticalização…”) introduz um complemento de verbo, como ocorre em casos como os seguintes: “Verifique se os documentos estão na gaveta”, “Pergunte a ele se virá amanhã”, “Procure saber se ele está em casa”. Esse “se” é o que se chama conjunção subordinativa integrante.
Para adequar o texto à norma culta do idioma, é preciso fazer algumas adaptações. Abaixo, uma sugestão:

O PMDB e o PSDB em Alagoas continuam aguardando algumas decisões em Brasília para se posicionarem na eleição deste ano. Precisam saber, por exemplo, se a queda da verticalização é válida para este ano e onde vai estar o PMDB na sucessão presidencial.

Thaís Nicoleti de Camargo, autora dos livros “Redação Linha a Linha” (Publifolha), “Uso da Vírgula” (Manole) e “Manual Graciliano Ramos de Uso do Português” (Secom- Governo de Alagoas), apresenta o programa “Português Linha a Linha” na TV Pajuçara.

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