Pesquisadora alerta: não há como prever a chegada da gripe aviária ao Brasil

“Não há como estabelecer uma data para a chegada do vírus da influenza aviária ao Brasil”. A afirmação é da pesquisadora Liana Brentano, da Embrapa Suínos e Aves (Concórdia-SC), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Liana resolveu esclarecer o assunto depois que foi publicado em vários órgãos de imprensa que a Embrapa estaria afirmando que a doença chegaria ao país em setembro deste ano. “Hoje, existe a possibilidade, até mesmo, da doença não ser registrada no Brasil. Portanto, é temerário fazer afirmações definitivas com base em probabilidades”, disse a pesquisadora.

A suposição de que o vírus da influenza aviária, mais conhecida como gripe do frango, chegaria ao Brasil em setembro surgiu de uma simplificação em torno das probabilidades de disseminação do H5N1. A Embrapa tem pesquisado o assunto e repassado informações, com base em análises de especialistas de diferentes países e organizações internacionais da área de saúde humana e animal, sobre evidências de que a disseminação do vírus da Ásia para a Rússia, Europa e África está associada, em parte, a determinadas rotas de migração de aves silvestres.

A ocorrência de migrações de aves da Europa para o Ártico, indo da Groenlândia para o Canadá e Estados Unidos, seria um dos fatores de risco para a chegada do vírus à América do Norte. No caso do vírus H5N1 ser registrado no hemisfério norte, a rota migratória que existe do hemisfério norte para o sul, que faz com que as aves migrem a partir de setembro para a América do Sul, poderá vir a ser uma fonte de risco de chegada do vírus ao Brasil. “Esses dados não afirmam que o vírus chegará em setembro, mas apenas indicam uma das diferentes probabilidades de riscos de disseminação”, completou Liana.

Em face das muitas incertezas a respeito de como e se o vírus chegará à América do Sul, todas as vias de risco (e estas incluem outros deslocamentos de aves) tem que ser consideradas e receberem a devida atenção. “Isso não significa de modo algum a instalação de pânico e alarmismo a partir de previsões baseadas em probabilidades”, afirmou a pesquisadora.

Para Liana Brentano, nem a chegada do H5N1 à América do Norte significa que a doença fatalmente estará no Brasil. Alguns vírus de influenza aviária de outros subtipos, diferentes do H5N1, mas também altamente patogênicos a galinhas, já foram diagnosticados anteriormente nos Estados Unidos e jamais chegaram ao país. O Canadá e Estados Unidos têm, historicamente, sido capazes de conter rapidamente a ocorrência de vírus de influenza. Deve-se contar, então, com a possibilidade de que os sistemas de controle dos países norte-americanos possam minimizar os riscos de disseminação do vírus.

A pesquisadora ressaltou também que existem entendimentos equivocados sobre o risco à saúde da população. Pelo que foi apurado até agora, a gripe do frango somente é transmitida aos humanos por meio de aves domésticas (frangos, galinhas, patos, marrecos e outros). Não há prova definitiva sobre a transmissão do vírus entre humanos. Outra informação importante é a de que o consumo de carne de frango inspecionada e cozida não representa riscos. O H5N1 não resiste a temperaturas acima de 60 graus centígrados.

Além dos esforços de pesquisa da Embrapa, o Mapa já elaborou, em parceria com todos os segmentos envolvidos com a avicultura brasileira, um plano de contingência para evitar a entrada da influenza aviária no país. O plano também prevê as medidas que devem ser tomadas caso seja localizado algum foco da doença. O plano está disponível para consulta pública na página eletrônica do ministério.

Fonte: Portal Brasil

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