Após ser adiado por duas vezes, acabou agora há pouco, no Fórum Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro, o julgamento do fazendeiro José Renato Fragoso Cavalcante, 72. Por seis votos a um, o juiz José Braga Neto, que presidiu a sessão, iniciada às 10h de hoje, anunciou a punição de 19 anos de cadeia, acusando o réu de ser o autor intelectual no assassinato do então vereador por Coqueiro Seco, Renildo José dos Santos, em março de 1993.
Os autores materiais do crime, que ganhou repercussão internacional, o cabo Paulo Norge de Lima e o subtenente Luiz Marcelo Falcão, já haviam sido condenados a 18 anos e seis meses de prisão em regime fechado. Já o soldado Virgílio Araújo foi considerado inocente.
O julgamento foi acompanhado, até o fim, por familiares, amigos e representantes do Grupo Gay de Alagoas.
O crime
De acordo com os autos do processo, por volta de 23h45 da noite, homens armados arrombaram a residência de Renildo dos Santos, em Coqueiro Seco, retiraram-no à força e o levaram de casa.
Dois dias depois, o corpo do vereador foi encontrado em Xexéu, município de Pernambuco, com partes carbonizadas e indícios de tortura. Ainda alguns dias depois, a cabeça do vereador foi encontrada às margens de um rio, no município pernambucano de Água Preta.
Na época que aconteceu o crime, Renildo, que era homossexual assumido, fazia oposição ao prefeito da cidade, Tadeu Fragoso, filho de José Renato. Fragoso chegou a ir a júri por envolvimento no crime, mas foi absolvido por causa do depoimento do caçador, que disse que ele não estava na cena do crime.