Trégua frágil entra em vigor no sul do Líbano

AFPFamília de refugiados volta para o Líbano

Família de refugiados volta para o Líbano

Os combates no sul do Líbano foram interrompidos abruptamente nesta segunda-feira após a entrada em vigor de uma trégua patrocinada pela ONU, mas relatos de que soldados israelenses mataram um guerrilheiro do Hizbollah realçam a fragilidade do cessar-fogo.

A Rádio do Exército e o site do diário Haaretz afirmam que o combatente do Hizbollah foi baleado ao abrir fogo contra tropas israelenses no sudoeste do Líbano. Foi o primeiro confronto registrado depois do início do cessar-fogo.

Um porta-voz militar disse que o militante fazia parte de um grupo armado que se aproximou de uma posição do Exército, mas se negou a dizer se ele morreu. "Continuaremos a defender nossas forças que atuam na área", disse o porta-voz.

Milhares de soldados israelenses permanecem no sul do Líbano, e não devem se retirar até a chegada de forças internacionais, ao lado de tropas libanesas, para garantir a segurança na região.

Fontes de segurança libanesas disseram que os ataques aéreos israelenses e os disparos de artilharia continuaram até alguns minutos após a trégua ter passado a vigorar, às 2h no horário de Brasília. Depois disso, houve um silêncio.

Israel disse que alguns soldados começaram a ser retirados do Líbano quando a trégua começou. "Há forças que estão saindo, mas há forças suficientes que estão ficando", disse um porta-voz militar. Não havia relatos de foguetes disparados pelo Hizbollah contra Israel após o início da trégua.

"Estamos entrando num estágio de cessar-fogo. Os disparos acabaram", disse um alto oficial do Exército de Israel pelo rádio, dando ordens a seus soldados. "Esperamos que o cessar-fogo seja mantido. Estamos pedindo a vocês que permaneçam alertas e se preparem, porque o Hizbollah ainda pode romper (o cessar-fogo)."

Milhares de libaneses que foram deslocados pela guerra viajaram rumo ao sul — alguns para checar os estragos em suas casas, outros na esperança de poder voltar para ficar. Motoristas tocavam as buzinas e centenas de carros lotaram uma estrada estreita indo para o sul rumo a Sidon.

Mas Israel disse que a sua proibição de tráfego de veículos não autorizados continua no sul do Líbano e que qualquer veículo nas estradas corre o risco de ser atacado, afirmou uma fonte militar.

Grupos de ajuda humanitária disseram que precisam ter rapidamente acesso ao sul do Líbano para ajudar 100 mil pessoas que ficaram ao sul do rio Litani, parte do país que não é alcançada pelos comboios de ajuda há uma semana.

"Com o cessar-fogo em vigor, não pode haver mais áreas às quais não se pode ir no Líbano", disse num comunicado David Shearer, um coordenador de ajuda humanitária da ONU.

Ataques aéreos

Cerca de 1.100 pessoas no Líbano, a maioria civis, e 156 israelenses, entre eles 116 soldados, morreram durante a guerra, iniciada quando o Hizbollah sequestrou dois soldados israelenses numa operação na fronteira em 12 de julho.

Um bombardeio israelense contra uma van na periferia da cidade de Baalbek (leste) matou sete pessoas minutos antes do início da trégua. Ataques aéreos perto da fronteira com a Síria mataram pelo menos dez pessoas e uma outra pessoa morreu numa ofensiva contra um campo de refugiados palestinos.

De acordo com uma resolução aprovada na sexta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, as forças israelenses devem começar a ser retiradas quando cerca de 30 mil integrantes de tropas internacionais de manutenção de paz e do Exército libanês se posicionarem no sul do Líbano. O Hizbollah também deve retirar seus combatentes da região.

O Hizbollah disse aceitar a resolução da ONU, embora veja alguns de seus aspectos como injustos. O grupo disse que vai cooperar com a força de manutenção de paz e com as tropas libanesas no sul do Líbano, mas não disse se pretende retirar seus homens da região ao sul do rio Litani.

Israel afirma ter o direito, de acordo com a resolução da ONU, de utilizar a força para evitar que o Hizbollah se rearme e para eliminar posições dos guerrilheiros mesmo após o cessar-fogo.

Fonte: Reuters

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