A carta

Um assíduo ouvinte de nossas crônicas pelo rádio mudou-se de Maceió para Piranhas no alto sertão, e de lá com especial atenção nos mandou esta missiva:

– Olá nobre cronista! Como vão as coisas aí na grande Maceió? Tenho certeza de que estão bem. As paisagens daqui superam qualquer Penedo; o saudosismo deste lugar é evidente e a história toma conta de cada metro quadrado desta pequena-grande cidade – pequena pelo tamanho e grande pelo potencial histórico – cultural encravado pelo tempo ao longo dos anos.

Por está vivendo agora neste lugarejo repleto de passado é que eu, talvez, esteja assim, também repleto de saudade das coisas boas que antes pareciam comuns, mas que o tempo e sua obra mudaram.

Vejam por exemplo, uma carta! Como era bom escrever de próprio punho uma carta para alguém que gostamos e que está distante de nós; depois fechar a carta, colocar nos Correios e aguardar pela resposta! Hoje tudo é diferente, a tecnologia evoluiu e trouxe-nos o e-mail, método simplificado de nos correspondermos, mas que não tem a mesma graciosidade e nem nos dar o mesmo prazer de postar uma carta pelos correios.

O tempo passa, o tempo voa… E leva consigo as coisas boas da vida. A tecnologia nos trás praticidade e dinamismo nas nossas ações; veja, por exemplo, o celular, quem hoje vive sem um aparelho desses? São as mudanças da evolução. Aqui no meu novo lugar ouço sua crônica do rádio pela internet.

O tempo é implacável e corrói a tudo e a todos; não há quem resista nem há o que resista a ele. O tempo a tudo leva e a tudo trás; e é tão abstrato e cheio de paradigmas que não consigo entender dois simples atos: nascer e morrer. Quando a gente nasce chora sem nada entender e os nossos parentes sorriem satisfeitos; quando a gente morre é quem dá o sorriso já entendendo, e nossos parentes é que choram insatisfeitos.

Gosto bastante desta região, pois quem esteve uma vez sempre retorna. Altemar Dutra esteve por aqui e disse, com os olhos brilhando, que só passou a viver depois que conheceu Piranhas. O ator Marcos Palmeira também esteve aqui e sempre que pode retorna; é mais um dentre inúmeras pessoas que vêm e se apaixonam pelo lugar, que é apaixonante por natureza.

Vou encerrando por aqui a minha carta, deixando com todos os ouvintes de suas crônicas alguns trechos dos versos do maior poeta nordestino de todos os tempos, o velho Gonzagão: “Quando vim da minha terra foi com dor no coração, quando lá deixei meus pais meus parentes meus irmãos”. “Se eu não sentisse saudade tanto assim eu não diria, minha história era sem versos, inspiração não teria”. “Levo a vida assim cantando, sufocando a minha dor, sou sangue de nordestino, marcado pelo destino de ser sempre um sofredor”. Recebam todos um abraço de Thiago Nunes, daqui diretamente de Piranhas – AL.

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