Bagdá: Celebração termina com 26 mortos e 240 feridos

France PresseSoldado do exército iraquiano examina bolsa de mulher xiita em Bagdá, durante homenagem anual ao líder religioso Musa Al-Kazim

Soldado do exército iraquiano examina bolsa de mulher xiita em Bagdá, durante homenagem anual ao líder religioso Musa Al-Kazim

Uma cerimônia religiosa xiita em Bagdá se transformou em banho de sangue neste domingo, quando homens armados abriram fogo contra uma multidão de peregrinos, com um saldo de 16 mortos e mais de 240 feridos, um ano depois de uma avalanche humana durante a mesma celebração ter matado 965 pessoas.

Durante toda a manhã foram ouvidas explosões e disparos de armas de fogo na capital iraquiana. As ruas de Bagdá foram tomadas por centenas de milhares de xiitas, que seguiam para o mausoléu do imã Musa al-Kazim, cuja morte como mártir, no ano 799, é lembrada anualmente com uma importante peregrinação a Bagdá. Os peregrinos foram vítimas de ataques terroristas executados pelos takfiris (extremistas sunitas), informou o ministério da Saúde, que registrou 16 mortos e mais de 240 feridos em vários atentados.

As rígidas medidas de segurança adotadas nos últimos dias em Bagdá, com a previsão da presença dos fiéis xiitas, não conseguiram impedir os ataques que, segundo fontes do governo citadas pela televisão pública Al-Iraqiya, aconteceram nos bairros de Al-Fadhel, Al-Haifa e Al-Salej, centro da capital. "Aconteceram alguns disparos contra civis em Rusafa (leste de Bagdá), mas a situação está sob controle", declarou Qassem al-Mussawi, chefe do centro de operações do gabinete do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki.

Também foram registrados tiros no bairro de Al-Jilani. A marcha dos peregrinos teve que ser desviada sem que isto impedisse novos disparos contra a multidão quando os fiéis chegaram à altura de um cemitério sunita. Os tiros provocaram a morte de um policial. Outra área da ‘maré’ de peregrinos estava protegida pelas milícias armadas do Exército de Mehdi, do clérigo radical Moqtada al-Sadr.

Os ataques lembram a tragédia registrada na peregrinação de 2005, quando 965 peregrinos morreram afogados, asfixiados ou pisoteados em uma avalanche humana na ponte de Al-Aimah, que dá acesso ao mausoléu. O boato de que terroristas estavam entre a multidão provocou a catástrofe.

No entanto, os atentados e as ameaças não impediram a afluência a Bagdá de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças com bandeiras verdes, amarelas e laranjas, além do Alcorão nas mãos. A maioria das mulheres vestiam o tradicional hábito negro xiita. As forças iraquianas e americanas intensificaram ainda mais as medidas de segurança em Bagdá para proteger os peregrinos.

Os fiéis chegaram durante a semana à capital, depois de caminhadas de centenas de quilômetros descalços, segundo a tradição, e de terem desafiado a onda de assassinatos e ataques entre xiitas e sunitas que afeta todo o Iraque.

Militares e habitantes de Bagdá ofereceram água e alimentos aos peregrinos na caminhada até o mausoléu, erguido em comemoração ao sétimo dos 12 imãs xiitas na margem oeste do rio Tigre, uma área de maioria sunita.

O chefe da polícia nacional iraquiana, o general Adnan Thabit, declarou à AFP que os peregrinos tiveram os movimentos limitados a apenas duas estradas intensamente vigiadas ao longo do rio.

O trânsito de veículos foi proibido no centro de Bagdá da tarde de sexta-feira até a tarde de domingo. Apenas duas pontes que unem o leste da cidade, majoritariamente xiita, ao oeste, sunita em sua maioria, permaneceram abertas.

O premier Nuri al-Maliki advertiu no sábado que aqueles que usam as mesquitas para incitar a violência sectária serão perseguidos como se fossem terroristas, independente da confissão. A situação em Bagdá é tensa desde o início de 2006, com ataques e atentados diários contra os civis xiitas, ao mesmo tempo que esquadrões da morte desta confissão assassinam sunitas, a etnia minoritária no Iraque.

Fonte: AFP

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