Celso Brandão é "visitado" pelo Cineclube Antes Arte do que Tarde

A expressão “Cinema Alagoano” não soa familiar nem mesmo para os mais atentos cinéfilos de nosso Estado. Não por acaso; nossa produção não se encontra acesso fácil dos interessados, ela não está em cartaz nos cinemas da cidade, mas ela existe sim, e é relevante. É o que tem tentado mostrar o Cineclube Antes Arte do que Tarde, que desde agosto se esforça, junto com Sesc Alagoas, para revelar o que de mais expressivo foi produzido por aqui.

Pela tela do Cine-Teatro Jofre Soares já passaram as obras de Werner Salles, Hermano Figueiredo, Thalles Gomes Gamello, Gilvan Nunes, Pedro da Rocha e Klebs Lós. Agora quem mostra seu trabalho é o cineasta Celso Brandão, dono da mais vasta filmografia do nosso cinema.

Neste sábado, Celso Brandão mostrará três das suas mais de 20 obras. O documentário em 35mm Ponto de Ervas é uma revisita ao tema da Medicina Popular, rodado em Super-8. O curta reproduz a história de um raizeiro dono de uma farmácia, a qual foi demolida para a construção do Ceasa. Celso comenta que ficou abismado com o vasto conhecimento, o seu senso crítico e com a estética da sua barraca de vender remédios. Segundo Celso, a barraca tinha uma “cenografia inimaginável”.

Os filmes de Celso já percorreram festivais de todo o Brasil. Ponto de Ervas, por exemplo, concorreu no festival de Brasília ao prêmio de melhor trilha sonora e ainda participou do Medical Filme Festival em Nova York, enquanto Memória da Vida e do Trabalho foi selecionado para o Festival Internacional de Filmes Etnográficos mas foi o Festival de Penedo que mais ovacionou suas obras. Por lá Celso Brandão foi premiado tantas vezes quanto concorreu. Ele já retratou temas como o carnaval em Maceió, Feira do Passarinho, culinária, medicina, Riacho Doce, produção de tapioca, um grupo de guerreiros do interior de Alagoas, aspectos da cultura alagoana, um filme de ficção intitulado A Semeadora, e ainda histórias vindas de Olinda e Recife, ganhando um prêmio pelo Jornal de Pernambuco.

Biografia

Estudante de Comunicação Visual na Ufpe e da disciplina de Cinema na UNB, o cineasta garante que suas influências foram os grandes documentários vistos e lançados nacionalmente em grandes festivais, dos quais participou sempre ganhando algum prêmio.

Sua paixão pelo cinema veio através de grandes seriados a que assistia, citando o famosíssimo Flash Gordon. Em um cinema de arte de Recife, o Coliseu, a sua freqüência era diária. Em Maceió, sempre ia ao Cine Rex, que ficava na Pajuçara.

Após assistir a um seminário de cinema, um encontro de cineastas e cientistas sociais promovido pelo Instituto Joaquim Nabuco, na época dirigido pelo sociólogo Gilberto Freire, Celso viu que sua especialidade partiria rumo à sétima arte. Nesse mesmo encontro, conheceu documentários clássicos brasileiros, destacando a produção nordestina. Já que lidava com as imagens através da fotografia, não foi difícil apaixonar-se pelo cinema, fazendo-o aprofundar-se na produção de filmes.

Cacá Diegues, em passagem por Maceió para receber o título de Cidadão Alagoano, teve acesso ao material super 8 produzido por Celso Brandão, ficando encantado com tal produção, e comentou que tais filmes eram “pequenas obras-primas”. Diegues se prontificou em produzir um deles, à escolha de Brandão, sendo sugerido o Ponto das Ervas, o qual Elinaldo Barros disse ser um filme forte como a raiz da Maçaranduba, por extensão, toda a obra de Celso Brandão.

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