Americanos vão às urnas com a cabeça na guerra do Iraque

ReutersPolicial iraquiano passa em frente a local onde carro-bomba destruiu um veículo do Exército dos EUA

Policial iraquiano passa em frente a local onde carro-bomba destruiu um veículo do Exército dos EUA

Uma jogada política e um recorde macabro levaram nesta semana o foco da imprensa internacional ao Iraque -e deram uma amostra da importância que a guerra no Oriente Médio terá na eleição parlamentar norte-americana, no dia 7 de novembro.

Na quarta-feira (25), o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez um longo discurso sobre o Iraque que tinha um claro objetivo político: reverter a impopularidade de seu governo, que vem sendo atacado pela oposição e pelos formadores de opinião por causa do aumento do número de soldados mortos na guerra.

Em tom de autocrítica, Bush afirmou que está bastante preocupado com a violência e que a paciência de seu país "não é ilimitada". Por fim, tentou deixar uma mensagem positiva, ao dizer que os Estados Unidos "estão, sem dúvida, ganhando a guerra". Foi uma tentativa de impedir o avanço democrata, que, segundo as últimas pesquisas, ganhou terreno e pode abocanhar o controle do Congresso norte-americano.

No dia seguinte, o recorde macabro. Mais cinco militares norte-americanos morreram em combate no país, elevando o número total de soldados mortos a 97 apenas em outubro (isso só até o dia 27). É a mais alta taxa de letalidade neste ano e uma das maiores desde a invasão iniciada em março de 2003.

Em resumo, o Iraque voltou a ganhar uma dimensão que ultrapassa suas fronteiras.

Para ajudar você a compreender como a guerra no Oriente Médio afeta a política dos Estados Unidos (e, por conseqüência, a de todo o mundo), o G1 preparou esta reportagem especial.

Clique aqui para ler uma entrevista com o jornalista britânico Rory McCarthy, autor do livro "Ninguém nos Falou que Fomos Derrotados", que acaba de ser publicado na Inglaterra. McCarthy viveu dois anos como correspondente do jornal "The Guardian" na área civil de Bagdá (fora da chamada "zona verde", controlada pelo exército norte-americano) e diz que cresce a violência entre sunitas e xiitas -a ponto de eles se matarem apenas por pertencerem a grupos religiosos diferentes.

Clique aqui para ler uma entrevista com o cineasta iraquiano, de origem curda, Jay Jonroy, que passou nesta semana por São Paulo para apresentar seu filme "David & Layla", em cartaz na 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para ele, a saída para este e outros conflitos no Oriente Médio não está em ações políticas ou militares, mas no comportamento humano.

Jonroy viveu a maior parte de sua vida no Ocidente, mas fugiu da violência e teve dois irmãos mortos no genocídio da população curda no país. Em entrevista ao G1, ele defendeu o humor, o amor, e a valorização das diferenças como caminho para acabar com a violência.

Eleições nos EUA

A pouco mais de uma semana das eleições parlamentares nos Estados Unidos, a situação do Iraque se torna o centro da discussão política no país, chegando a ser considerada um referendo sobre a decisão cada vez mais impopular do presidente George W. Bush de invadir o Iraque em 2003. Mesmo se a batalha é travada em nível local, as pesquisas confirmam que a questão do Iraque é a que domina o confronto entre os republicanos de Bush e a oposição democrata.

Segundo uma enquete do Pew Center publicada no início de outubro, 51% dos americanos citam o Iraque como um dos temas mais importantes destas eleições, e 58% consideram que a situação não está evoluindo bem.

Os Estados Unidos (e seus soldados) foram à guerra com a falsa justificativa oficial do governo de que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa. E agora o Exército de Bush não consegue controlar a violência no país e nem trazer seus homens de volta para casa.

O total de soldados norte-americanos mortos já chega a 2.810, segundo dados a organização Iraq Coalition Casualty Count (3.049 entre todos os países da coalizão liderada pelos Estados Unidos). Hoje, há 144.000 soldados americanos no Iraque, segundo um cálculo da agência France Presse.

Entre os iraquianos, o clima de violência atinge ainda mais pessoas. Quase 50 mil iraquianos morreram desde a invasão, segundo a ONG Iraq Body Count. O número chega a mais de 650 mil civis, segundo a revista médica britânica "The Lancet", o equivalente a 2,5% da população do país. O número foi contestado por autoridades dos Estados Unidos e do Iraque.

Bush e os republicanos enfrentarão uma dura batalha nas eleições parlamentares. E correm o risco de saírem derrotados. Pesquisa do instituto Zogby e da agência Reuters, divulgada na última quinta-feira (26), com 1.013 entrevistados, mostrou que 44% das pessoas votarão no Partido Democrata. E 33% no Partido Republicano.

Bush admitiu em seu discurso na Casa Branca que seus generais mudam a estratégia de combate sempre que seus inimigos fazem o mesmo. Agora, ele tenta suas últimas cartadas políticas antes de as urnas darem uma sentença sobre seu governo e sobre a atuação dos Estados Unidos no Iraque.

Fonte: G1

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