Aeronáutica interrompe decolagens em oito aeroportos do país

A Aeronáutica suspendeu na tarde desta segunda-feira, por diferentes períodos, as decolagens nos aeroportos de Brasília, Santos Dumont e Galeão, no Rio, Cumbica e Congonhas, em São Paulo, Confins e Pampulha, em Minas Gerais, e em Vitória. Os problemas são atribuídos a mudanças no gerenciamento do tráfego aéreo.

Com isso, as aeronaves que cruzariam o espaço aéreo sob responsabilidade do Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa e Controle de Tráfego Aéreo) ficaram retidas em solo por mais tempo –o espaçamento entre as decolagens foi de aproximadamente 20 minutos. A medida causou um efeito cascata nos principais aeroportos do país.

Os atrasos seriam, ainda, conseqüência de uma operação-padrão dos controladores de tráfego. A Aeronáutica nega, e afirma que as retenções são resultado do excesso do tráfego aéreo e do número defasado de controladores –oito foram afastados após a queda do Boeing da Gol, há um mês.

Desde a manhã, os aeroportos de Cumbica e de Brasília registraram atrasos em vários vôos. Em Brasília, o fechamento durou ao menos duas horas. A Aeronáutica não informou o tempo de fechamento nos outros aeroportos.

Nesta segunda-feira, o ministro da Defesa, Waldir Pires, recebeu separadamente o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi e o brigadeiro Luiz Carlos Bueno, comandante da Aeronáutica. O ministro cogita a convocação de controladores de tráfego aéreo da reserva para voltar a trabalhar. Nova reunião técnica entre Aeronáutica e Anac deve ocorrer na terça, segundo apurou a reportagem.

Segurança

Reportagem publicada nesta segunda pela Folha mostra que os atrasos em alguns dos principais aeroportos do país, representam uma tentativa de preservar a segurança dos passageiros, de acordo com Jorge Botelho, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, entidade que reúne os civis que atuam como controladores de vôos.

Na prática, a operação-padrão iniciada na última sexta-feira pelos operadores de vôo de Brasília consiste em dobrar, de 5 milhas para 10 milhas náuticas, a distância entre os aviões. Isso implica coibir pousos e decolagens com pouco intervalo. No limite, os aviões acabam proibidos de deixar o solo. Também reduziram o número de aviões que são "vigiados" por cada controlador. A Aeronáutica nega que exista a operação-padrão.

De acordo com dois controladores de vôo ouvidos pela reportagem, se não houver um "enquadramento" por parte do Comando da Aeronáutica, quarta-feira deverá ser o "dia D" do protesto atual. O motivo é a véspera do feriado prolongado, quando os aeroportos normalmente já ficam mais lotados do que na média.

Reunião

Na sexta-feira (27), os controladores de tráfego aéreo se reuniram em Brasília, em sigilo, para discutir as dificuldades do setor e definir uma forma de pressionar o governo a atender a reivindicação por melhores salários, menor carga horária e a contratação de mais profissionais.

A Aeronáutica nega que os problemas sejam conseqüência de uma operação-padrão por parte dos controladores e afirmou que os atrasos foram provocados pelo excesso do tráfego aéreo, o que obrigou as aeronaves em solo aguardar um maior espaçamento para decolar.

Os controladores de tráfego aéreo sofrem com a pressão e ainda estão sob efeito do maior acidente aéreo do país e, segundo a Folha Online apurou, poderiam fazer uma "greve branca", como o atraso dos vôos. A maioria dos controladores é militar, por isso estão proibidos por lei de fazer greve.

Na manhã de sexta (27), ao menos 32 aeronaves com destino a São Paulo, Cuiabá, Campo Grande e à região Sul do país decolaram do aeroporto de Brasília com atrasos de uma hora e meia, em média. No sábado, o problema voltou a atingir vôos entre as principais capitais do país. As decolagens atrasam até quatro horas entre os aeroportos de São Paulo, Rio e Brasília e os pousos chegam a atrasar duas horas.

Medidas

Em nota enviada no sábado (28), a FAB (Força Aérea Brasileira) informou que "estão sendo implementadas medidas" para tentar resolver o problema do aumento de tráfego aéreo em Brasília e os atrasos nos vôos.

Entre as medidas estão o remanejamento de controladores de tráfego para Brasília, onde ocuparão as vagas dos operadores afastados depois do acidente com o vôo 1907, da Gol. Na ocasião, 154 pessoas morreram.

A nota também promete "um aumento substancial do número de controladores de tráfego aéreo".

Fonte: Folha Online

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