Comunista alagoano assume presidência da República

Pela primeira vez na história, o Brasil tem um presidente da República nominalmente comunista: o alagoano José Aldo Rebelo Figueiredo, 50.

Filho de um vaqueiro e de uma professora, o alagoano de Viçosa foi criado na fazenda de Teotônio Vilela. Passou por uma escola agrícola e cursou direito, mas não se formou. Trabalhou como jornalista, mas não foi adiante na profissão.

Na trajetória política, Aldo foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e, há 16 anos, é deputado federal. Na chegada à Presidência da República, ele avalia a trajetória como o resultado da evolução do processo democrático do país.

"As lutas e as dedicações de muitas gerações de brasileiros para conquistar a democracia e a liberdade possibilitaram chegar a um momento como esse. E hoje pode alguém do Partido Comunista, mesmo que momentaneamente, chegar à Presidência da República num momento de normalidade, de tolerância, de respeito e de convivência democrática", diz.

Aldo Rebelo sempre foi eleito por São Paulo e pelo mesmo partido, o Partido Comunista do Brasil – PCdoB.

Aldo brinca com o ineditismo da situação; segundo ele, é de fato a primeira vez que alguém "confessadamente" e "assumidamente" comunista assume a Presidência da República do país.

Mandato

Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a trabalho na Venezuela e o vice, José Alencar, nos EUA para tratamento de um câncer, o cargo passou, no final da tarde de hoje às mãos de Aldo Rebelo, presidente da Câmara dos Deputados.

Aldo fica no cargo até amanhã à noite, no retorno de Lula ao país. De acordo com a agenda, o presidente interino participará, amanhã, de um evento na Fundação Mario Covas, em São Paulo. O encontro do comunista com os tucanos já estava previsto. "Mas, de qualquer forma, trata-se de uma coincidência muito bem-vinda", afirma.

À tarde, o comunista estará no terceiro andar do Planalto. Será o momento, segundo ele, de lembrar não apenas de Marx e Engels, mas também de Bolívar e Lincoln. Ele explica: "Eles [Marx e Engels] conseguiram fundamentar para muitas gerações o ideal da democracia, da liberdade, da independência das nações. Outros que também deram suas contribuições –e não são necessariamente marxistas– são lutadores como Simon Bolívar, na América Latina, e o Lincoln, nos EUA".

Enquanto ocupar a Presidência, Aldo diz que trará à memória brasileiros que lutaram pela democracia. "Lembrarei daqueles que lutaram pela Independência, pela República, como Tiradentes, José Bonifácio, Frei Caneca, Luís Carlos Prestes, João Amazonas, Getúlio Vargas, Floriano Peixoto, Juscelino Kubitschek. Muita gente lutou para que fôssemos um país onde todos se respeitam."

Aldo é o quarto a substituir Lula na Presidência. Além de Alencar, passaram também pelo cargo o deputado federal reeleito João Paulo Cunha (PT-SP) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Com Folha de São Paulo

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