Comércio na fronteira Brasil-Paraguai é paralisado por protestos

O Brasil enfrenta um cenário econômico e político complexo pela desaceleração global e um déficit fiscal que levou a cortes drásticos.

Cidades comerciais do Paraguai, na fronteira com o Brasil, fecharam suas instalações nesta terça-feira para protestar contra uma medida brasileira que ameaça reduzir ainda mais o intercâmbio deprimido na área fronteiriça.

A manifestação foi liderada por proprietários e funcionários de empresas em Ciudad del Este, Pedro Juan Caballero e Guaira, três cidades que vivem das compras de turistas brasileiros que entram via terrestre pela fronteira seca.

REUTERS/Jorge AdornoChanceler brasileiro Mauro Vieira fala ao lado de colega paraguaio, Eladio Loizaga, durante entrevista em Assunção

Chanceler brasileiro Mauro Vieira fala ao lado de colega paraguaio, Eladio Loizaga, durante entrevista em Assunção

As câmaras de comércio nessas cidades dizem que a atividade caiu para 80 por cento devido à desvalorização do real em relação ao dólar e à queda do consumo no país vizinho, temendo que o colapso seja maior nos próximos meses.

O Brasil enfrenta um cenário econômico e político complexo pela desaceleração global e um déficit fiscal que levou a cortes drásticos.

Os comerciantes querem que o governo paraguaio interceda para o Brasil reverter uma medida que reduz desde julho a quota de compras para turistas brasileiros que entram no país por via terrestre para 150 dólares por pessoa, ante 300 dólares.

“Gostaríamos que a quota subisse para 500 (dólares), porque via aérea já é de 500. Se não, esperamos ficar nos 300”, disse o representante da Câmara de Comércio de Pedro Juan Caballero, Peter Bondinam, à rádio Primero de Marzo, de Assunção.

“Há vendedores ambulantes, comerciantes e autoridades que estão se manifestando porque há lugares que estão fechando, trabalhadores que são demitidos devido à queda nas vendas”, disse Alberto Rojas, da Câmara de Comércio de Guaira.

A atividade comercial foi quase nula nas três localidades, normalmente muito movimentadas. Cerca de 2.000 pessoas se manifestaram em Ciudad del Este, que faz fronteira com Foz do Iguaçu, onde o principal palco do protesto desabou causando ferimentos leves em alguns dos participantes.

O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, se reuniu com os organizadores do protesto, mas assessores dizem que não há muito a fazer.

“O problema no Brasil não é quota… o maior problema é a economia brasileira neste momento”, disse o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite.

O Brasil é o principal parceiro comercial do Paraguai e fundamental no processo de produção de soja e da carne, seu principal produto de exportação, além de ter uma forte presença no sistema financeiro local.

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou na semana passada que a corrente de comércio entre os dois países duplicou nos últimos cinco anos para chegar a 4,4 bilhões de dólares em 2014.

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