Golpe de estado na Turquia fracassou; Registados 194 mortos

LusaAo menos 194 'golpistas' morreram

Ao menos 194 ‘golpistas’ morreram

A Turquia foi abalada sexta-feira à noite por uma tentativa de golpe de estado levada a cabo por elementos do exército que, após um momento inicial, acabou por ser abortada pelas tropas leais ao presidente Recep Erdogan.

As forças leais a Erdogan abateram 104 militares revoltosos, assegurando que outros 1.563 foram detidos, indicou hoje o exército fiel ao regime.

Numa declaração à televisão oficial turca, o general Umit Dundar, chefe do Estado-Maior interino das tropas leais a Erdogan, confirmou também a morte de outras 90 pessoas – dois soldados, 41 polícias e 47 civis -, elevando para 194 o total de vítimas mortais da sublevação, entretanto abortada.

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“Caíram como mártires”, sublinhou Dundar, referindo-se às 90 vítimas mortais.

Entretanto, no Twitter, o presidente turco apelou à população para se manter nas ruas, para precaver uma eventual onda de violência.

Getty ImagesAo menos 194 'golpistas' morreram

Ao menos 194 ‘golpistas’ morreram

Erdogan, aliás, acabou também por indicar que a “traição” dos golpistas constituiu uma “dádiva de Deus” e que vai permitir “limpar o exército”, com a agência noticiosa pró-governamental Anadolu a dar conta de que já foram detidos 1.563 militares revoltosos.

O presidente turco, que se encontrava de férias num hotel em Marmaris, estância turística na costa do Mar Egeu e que foi bombardeado esta madrugada pouco depois de ter saído do edifício, culpou pelo golpe de estado os apoiantes do seu arqui-inimigo, Fethullah Gülen, um imã exilado há anos nos Estados Unidos.

O movimento que apoia Gülen (Hizmet) já condenou o golpe, num comunicado em que sublinha que “há mais de 40 anos que Fethullah Gulen e o Hizmet têm defendido e demonstraram o seu compromisso com a paz e a democracia”.

Em 2013, o fundador do poderoso Movimento Gülen, com milhões de seguidores na Turquia, entrou em ruptura com Erdogan e o seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder desde 2002), que apoiou na fase inicial da sua ascensão.

Seguiu-se uma dramática luta pelo poder e o início da repressão ao Hizmet no país – acusado por Erdogan de pretender construir um “estado paralelo” – através do encerramento de dezenas de escolas e processos judiciais contra figuras políticas e militares associadas a este movimento.

Num primeiro momento, poucas horas após o início da rebelião militar, o exército sublevado indicou ter o controlo do país e estabelecido a lei marcial, ao mesmo tempo que acusavam Erdogan de ser “traidor” e de ter estabelecido um “regime autoritário de medo”.

Num comunicado lido na televisão turca TRT, o exército turco, ainda sem um rosto – o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse que à frente do golpe estão cerca de 40 comandantes militares, incluindo um general que entretanto morreu no decurso da tentativa de golpe – assegurou então que o país seria governado por uma denominado “Conselho de Paz” para dar “a todos os cidadãos, todos os direitos” e “estabelecer a ordem constitucional” e “restaurar a democracia”.

Sob as ordens de Erdogan, “todas as instituições do estado começam a ser desenhadas com propósito ideológico e o império da lei secular foi, de facto, eliminado”, prossegue o comunicado, lido, sob imposição dos militares revoltosos, por todas as emissoras, e em que prometeu “julgar” todos os responsáveis.

“O exército assumiu totalmente o poder para restaurar a democracia. Todos os nossos acordos internacionais estão em vigor. Esperamos manter as boas relações com todos os países”, refere, no comunicado, o Estado-Maior do Exército.

Cerca de quatro horas depois das primeiras informações, os Serviços de Inteligência Turca (MIT) anunciaram que a tentativa de golpe de estado fracassou, admitindo, porém, que ainda persistem algumas bolsas de resistência de revoltosos.

A tentativa de golpe de Estado foi já condenada por várias das principais organizações internacionais, como a União Europeia (UE) e a NATO, bem como pelos Estados Unidos, Rússia, França, Irão e Grécia, que apelaram à calma e ao regresso à normalidade constitucional.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, afirmou hoje que não existem “notícias preocupantes” sobre portugueses na Turquia, salientando que a embaixada lusa em Ancara “está a trabalhar activamente” e que houve “contactos” por parte de portugueses com a representação diplomática na capital turca.

Santos Silva disse que Portugal condena a violência contra as instituições democráticas na Turquia e manifestou apoio às instituições democráticas.

Fonte: DNotícias/Portugal

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