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Luis Vilar

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A arte de abduzir adversários

A candidatura do petista José Pinto de Luna – ao Senado Federal – começa a sair do campo do irrevogável para o do improvável, por conta da arte de “abduzir adversários”, que é tão bem orquestrada pelo senador Renan Calheiros (PMDB) e outros da Frente Popular de apoio a Ronaldo Lessa (PDT). Luna não mente quando diz que sua candidatura incomoda, mas poderia ir um pouco mais além: incomoda também a um ou outro petista que tem uma “simpatia” forte pelo peemedebista.

Colocar a candidatura de José Pinto de Luna para ser decidida nos votos dos dirigentes partidários que integram o chapão será uma “covardia”, como afirma o próprio Luna. Será lavar as mãos. Seria o PT – que possui (no momento) um candidato com forte densidade eleitoral – baixar a cabeça para as vontades de um jogo do tapetão, que desde sempre buscou eliminar os adversários de Renan Calheiros antes do pleito.

É a arte de abduzir adversários da qual falamos. Isto não significa por em xeque a legitimidade da candidatura de Calheiros. De forma alguma. Pelo processo democrático – cujas regras estão aí postas – Renan tem todo direito de buscar para si a melhor coligação rumo à reeleição. Porém, o que se indaga é o processo de ir derrubando os adversários ditos “fortes”, antes mesmo do início do processo eleitoral.

A frente popular de apoio a Ronaldo Lessa (PDT) – outrora denominada chapão – nasceu deste processo de “abduzir adversários” – ou “renanbduzir”. O projeto inicial de Lessa era ser candidato ao Senado. Com duas vagas na disputa e Heloísa Helena (PSOL) despontando nas pesquisas, qualquer ameaça passa a ser um sério susto para o chefe do PMDB. Assim, Lessa – com o apoio de Renan e Fernando Collor de Mello – abandonou a candidatura ao Senado Federal e partiu para o Governo do Estado.

Renan Calheiros foi capaz – inclusive – de trazer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – ao passo que se preocupa com questões internacionais, como sua recente viagem – para uma disputa paroquial. Lula foi o “papa” de Lessa, abençoando sua candidatura. Agora, chega vez de Pinto de Luna, como é possível perceber nas entrelinhas das declarações do próprio delegado federal. A lógica de uma equipe vencedora é manter os que têm maior chance. Luna aparece assim nas pesquisas internas do chapão.

Porém, ao invés da lógica que norteiam as alianças vencedoras, pode aparecer a arte de abduzir adversários. Luna cobra que seja decidido o processo pela “densidade eleitoral” dos pré-candidatos. Luna sabe que se for os votos de partido da Frente Popular de Oposição, só terá o voto do PT e de ninguém mais. Claro, o PCdoB cumpre o papel esperado e correto: votar em seu candidato. Os demais – com exceção do PT – vão pavimentar o caminho de Renan Calheiros. A data para bater o martelo é 31 de maio. Até lá, Luna e Bonfim travam esta disputa interna pela indicação de ser candidato ao Senado com apoio da frente de Lessa. José Pinto de Luna clama para não ser “renanbduzido”.

Nada contra Renan Calheiros, muito menos a favor de Pinto de Luna. Apenas é preciso que as coligações sejam transparentes e revelem seus interesses desde o momento em que começam a ser costuradas. A gestação silenciosa de algumas candidaturas e o desprezo pelo povo em jogadas do xadrez político devem sempre ser combatidos, independente de quem sejam os protagonistas destas ardilezas.

PS: Peço desculpas pela demora na liberação dos comentários. Não pude acessá-los no fim de semana, por falta de tempo. Seguimos com nossa programação normal!

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