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Luis Vilar

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A Gripe A, o pânico e o feudalismo…

“Há uma coisa interessante nesta Gripe A. Ela ressaltou o estado de feudalismo em que nos encontramos em Alagoas”. A frase é do infectologista do Helvio Auto, Celso Tavares. O médico fez uma leitura social por conta das pessoas – “em pânico” – que tem procurado o serviço de atendimento daquela unidade hospitalar. Por ser o único hospital referência, o Hélvio Auto foi “democratizado” com a Gripe A.

Os corredores que antes abrigavam pessoas de pouco poder aquisitivo, receberam os finos sapatos importados da elite – uma pequena burguesia que janta em mesa farta – que se indignou ao ter que dividir espaço com os doentes de uma “outra casta social”. Eles – até no hospital – por uma “simples corisa ou espirro” queriam passar na frente de algumas crianças pobres com suspeitas de doenças mais graves e ameaça inclusive de morte.

Uma das autoridades – por exemplo – alegou, mesmo diante de ser apenas uma suspeita da gripe, que não poderia esperar para ser atendido e que tinha o privilégio – advento da riqueza e do cargo – de passar na frente de uma criança encaminhada para área de emergência, por ter sido picada por um escorpião. Para isto, o abre-portas era o chavão clássico utilizado em blitz de trânsito: “Você sabe com quem está falando?”

Alguns “ricos” – ao retornarem de suas viagens para o exterior – se sentiam inclusive constrangidos de dividir espaço com os demais doentes do Hélvio Auto.

Muitas foram as “carteiradas” de alguns por conta do retorno das férias em áreas de risco. O medo de alguns médicos é que eles não obedeçam ao novo protocolo, que determina que os casos suspeitos sem gravidade sejam encaminhados às unidades de saúde, ou aos hospitais particulares conveniados com os planos.

A fina casta alagoana protagoniza cenas inusitadas no hospital Hélvio Auto. Houve até quem se indignasse pela demora no exame dos suspeitos de estarem com gripe A, já que este dura – por ser o tempo necessário – pelo menos duas horas, deslocando uma equipe inteira de um hospital. Um dos revoltados saiu com o protocolo na mão, prometendo denunciar o hospital que nada mais fazia do que cumprir o que determina um protocolo pela segurança da saúde pública.

Imagine quando a Gripe A se “popularizar”, pois a tendência é que isto ocorra e tenhamos – ainda que em longo prazo – a transmissão sustentada. O que é preciso é que se tenha consciência real do que é a influenza H1N1 e dos procedimentos adequados a serem tomados, sem alarde e sem pânico, já que – como coloca o infectologista – 99% dos casos são leves e moderados, e é assim que devem ser tratados, pois muito mais se morre em Alagoas de dengue, meningite, fome, dentre outras causas que nunca levaram uma autoridade ao Hélvio Auto, seja como suspeito ou então para dá uma olhadinha na situação de muitos que encontram no hospital uma esperança…

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