“A Polícia Federal nos ensinou a roubar”

A frase é de um conhecido prefeito do Litoral Norte de Alagoas, preso durante a Operação Gabiru e pode ilustrar como caminham, hoje, bem juntas, as ações para punir o mundo do crime do colarinho branco e as resistências dos poderes em se acabar com o “meter a mão”, como diria o delegado da PF, Jandelyer Gomes, que investiga o esquema da Assembléia Legislativa.
Antes, alguns sabiam das ações, mas não havia formas de se provar; hoje, todos conhecem à exaustão as ações da PF, existem provas, gravações telefônicas revelam, mas setores do Ministério Público, Assembléia Legislativa, Governo do Estado, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça etc. nos ensinam, todos os dias, que as ordens judiciais devem ser cumpridas, nunca contestadas.
Mesmo quando elas podem estar eivadas pelas dúvidas, pelas negociações dos bastidores… .
E qual a lição destes ensinos? Admitir-se que o precedente para a culpa depende da experiência criativa de cada um. A criatividade para tentar explicar os desvios como um detalhe trivial, como se fossem infinitas as possibilidades de abrir caminhos dentro das leis, sempre interessantes, compreensivas àqueles que confiam que a proposta da impunidade sempre existe.
Basta apenas favorecer alguém, prejudicando os outros.