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Luis Vilar

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Aos que me acompanharam: Feliz 2009

A noite de Ano Novo sempre foi uma faixa de tempo – pelo menos dentro de mim – difícil de suportar. Por alguns minutos, enquanto ansiosamente espero o bater da meia-noite, sempre fico pensando em promessas que não vão se cumprir, pelo menos em grande parte, e na corrida frenética que o mundo nos impõe como sendo o sentido de felicidade e sucesso. O ano de 2009 será diferente – ao menos para mim (permitam-me este texto em tom confessional) – pois chego aos 30 anos. Não sei o que isto quer dizer, mas aumenta o peso das auto-avaliações.

Uma destas avaliações é medir – talvez – o próprio grau de maturidade. Estranho isto (risos). Vejam só vocês, por vezes – excetuando o meu lado profissional que o exerço, ou pelo menos tento, como a arte extrema de um ourives. Escrever para mim é um misto de sacerdócio e ofício – acredito piamente que minha brava esposa, companheira e amiga tem a árdua tarefa de lidar com duas crianças em casa: eu e Beatriz. Claro que minha filha possui muito mais maturidade que eu, ao menos no quesito lidar com as próprias emoções. Ela é uma evolução.

Mas, retornando ao Ano Novo: estamos cheios de pedidos, inflados de desejos abstratos, como o que fazer de nós mesmos nos próximos 365 dias que se anunciam. Porém, o Papai Noel já foi embora no dia 25 de dezembro. Eis que só resta a nós mesmos a realização de nossos desejos. Parece aquele lance de bater o escanteio e correr para cabecear. Neste caso, consiste em esfregar a lâmpada, sair você mesmo de dentro dela, fazer três desejos (ou mais) e correr para realizá-los. Diga aí?!

Os que conseguem isto possuem uma maturidade invejável. Eu pelo menos ainda estou procurando, acho que há uns quatro “Anos-Novos”, como ser um marido melhor, um pai mais paciente, um jornalista mais eficiente, sei lá…Me dá a impressão de que em muitos destes quesitos eu ainda permaneço um amador, cercado até por um pouco de ingenuidade, executando as coisas até com um nostálgico romantismo. Mas, continuamente, sempre desejando ser melhor do que eu mesmo fui durante dia que se passou. E assim, amanhã talvez, este temporal faça algum sentido. A pressão é grande todos os dias. A pressa em busca das conquistas também.

Então, o Ano Novo, se faz também – de certa forma – como uma faixa atemporal, onde o branco hermético nos remete a paz de saber que é possível começar novamente. Pena que confundamos tanto recomeço com reprise. Confesso que sempre tive duas grandes metas toda vez que ouço o termo Ano Novo: ser politicamente correto e menos recluso, o que inclui uma maior abertura para as coisas novas. Fora isto, que o Palmeiras seja campeão do mundo; que registremos menos homicídios por aí a fora; que a minha filha Beatriz nunca se dê conta de que eu obedeço às vontades dela e não o contrário; que o José Saramago não cumpra o desejo de fazer do A Viagem do Elefante seu último livro; que minha esposa consiga manter a paciência imaculada que possui comigo, porque a amo e não sei se lembro mais como é o mundo antes dela…

Que os que eu amo profundamente ganhem de Deus o dom de serem eternos; que todos tangenciem a felicidade em vários momentos de suas vidas, já que de fato ninguém pode estar nela sempre (isto é papo furado de livro de Auto-Ajuda); e por fim que saibamos que não estamos sós quando a faixa silenciosa da transição do ano chega. Como diria o compositor Julio Reny: “Tenha fé, que a fé é muito mais antiga e amiga que o vil metal”.

Feliz Ano Novo!

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