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Luis Vilar

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Como será lida a renúncia de AA ?

Para o deputado estadual afastado Antônio Albuquerque (sem partido), renunciar ao cargo de presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas foi um dever cívico, ainda que constatado depois de tanta árdua luta para permanecer na cadeira principal da Mesa Diretora da Casa de Tavares Bastos.

Antônio Albuquerque – conforme os comentários de bastidores – “se rendeu ao óbvio”. Será? Ainda são muitas as indagações sobre as motivações que levaram o homem que se agarrava com todas as forças à Mesa Diretora, se soltasse da ambicionada cadeira de presidente do parlamento alagoano. Teorias não faltaram, entre jornalistas, funcionários e outros que se fizeram presentes no plenário na tarde da terça-feira, dia 3.

Porém, distante das abstrações está a carta escrita por Albuquerque e endereçada a Fernando Toledo, que deve ser lida em plenário na próxima sessão. Nela – que é composta de quatro páginas – se rever o deputado estadual – acusado de ser o chefe da quadrilha que desviou mais de R$ 300 milhões dos cofres da Casa de Tavares Bastos – bradar inocência mais uma vez.

Antônio Albuquerque afirma a condição temporária de seu afastamento e faz alusão ao “tempo, senhor da razão” como responsável por comprovar – por meio do contraditório vindouro – que ele foi vítima de uma “injustiça” da “Justiça”. “Não desistirei , seja pela minha consciência, que se encontra tranqüila, seja pelo exemplo que tenho que deixar para os meus filhos, como por ser reflexo do homem que sou, da dignidade familiar que adquiri e do exemplo vivo, que tive em casa e do qual nunca esquecerei”, enaltece Albuquerque.

O parlamentar diz ter adotado uma “atitude de elevada grandeza”. O fato é que – por incrível que pareça – um dos atos mais clamados pelos movimentos sociais, deputados oposicionistas e membros da sociedade civil organizada acabou vindo pelas mãos do próprio Antônio Albuquerque, que nem por isto deixou o rol dos deputados indiciados pela Polícia Federal, em um inquérito farto de evidências.

Em sua carta de renúncia, Albuquerque ainda destaca os feitos de seus 10 meses de gestão, entre eles, diz o deputado: “abrimos as portas para a população. Fomos o file da balança na negociação com os servidores públicos”. Antônio Albuquerque frisa ainda a criação da TV Assembleia e a redução do duodécimo em R$ 1 milhão, que em nada mudou a farta riqueza dos cofres do parlamento.

Como será entendida a renuncia de Albuquerque pela população que tem se mostrado revoltada com os atos de abuso de poder do parlamento, com os escândalos, desvios e consequentemente com os indiciados? Será que basta no julgamento popular? Que eco terá entre aqueles que não aceitariam nada menos que a cassação, processo que continua a ser almejado por algumas entidades da sociedade civil organizada?

Bem, entre os deputados estaduais afastados há um raciocínio de que a saída de Albuquerque pode tirar o ex-presidente do foco da mídia, pode tornar mais fácil os bastidores rumo ao retorno. Há quem diga – em meios aos bastidores – que é mais uma ação planejada com uma leitura a ser feita muito em breve, de forma clara e transparente.

Pesa contra Antônio Albuquerque a denúncia de ser o mentor de um dos piores esquemas de corrupção da História de Alagoas. O parlamentar afastado – é claro – avisa que “somente o tempo, senhor de tudo e da razão vai poder esclarecer e levar ao conhecimento de todos que sempre agi corretamente, que nunca faltei com a verdade…”.

O tempo – de um jeito ou de outro e levando-se em conta a morosidade da Justiça do Brasil e a memória alagoana, quiçá brasileira – é sim um aliado dos que – porventura – estão à espera de um julgamento, ainda mais nos casos dos crimes denunciados pela Polícia Federal. Se Albuquerque for inocente como prega, que então seja absolvido. Caso contrário, a Justiça também caberá ao tempo…

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