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Luis Vilar

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Depois da pausa…

Há tempo de refletir e tempo de escrever. Estive falando sobre isto estes dias, em conversas com o amigo e jornalista Odilon Rios, anunciando que buscava maiores reflexões para retomar a atividade da escrita neste blog. Lembro-me bem – enquanto escrevo – do escritor José Saramago que sentencia que não dá para separar o escritor e o cidadão. Um em relação ao outro sempre se contaminam. O cidadão impregna o escritor de ideologias. E o escritor enche o cidadão de sonhos.

Estes sonhos, muitas vezes são compartilhados, de forma honesta, com os leitores e amigos que cativei por meio da escrita, o que julgo ser meu principal e mais belo ganho ao longo desta curta estrada. Mas, em meio às reflexões sobre meus textos, do ponto de vista da estética, dos aspectos gramaticais, da virulência, da honestidade intelectual, dentre outros fatores, voltei a ler o nobre poeta Carlos Drummond de Andrade, de quem sou fã. (Prefiro Drummond, a ser fã de Luis Inácio Lula da Silva e Romário; permita-me esta pausa, pois me assusto com os intelectuais admirados por nossas autoridades).

Drummond escreveu um poema belíssimo chamado Nosso Tempo, que ecoa nos dias atuais como uma profecia. A crônica de uma morte anunciada se pensarmos na falência dos ideais pela qual passamos. Ouvi certa vez do senhor presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, Omar Coelho, em uma de suas entrevistas a imprensa, que os políticos não mais possuem um lado a seguir, mas sim a multiplicidade de faces que se adéquam – todas estas faces encharcadas a óleo de peroba – aos momentos convenientes da história (com “h” minúsculo mesmo, já que escrevemos um tempo midiático e de poucas verdades).

Carlos Drummond já vociferava ainda que calmamente em sua poética: “É um tempo de partido, de homens partidos”. Porém, os cacos destes homens que vão ao chão, se juntados novamente, não ilustram os digníssimos títulos que os sustentam. Muito pelo contrário. São a soma de gestos imorais que lhes garantem cadeiras e cargos de autoridades, mas que na verdade deveriam ser os tijolos das celas nas quais – para o bem daqueles que ainda crêem em valores cada vez mais remotos e massacrados pela impunidade – deveriam estar trancafiados.

Porém, neste tempo de partido, estes homens de ternos e gravatas avançam sobre nossas esperanças com a voraz gula, com seus olhos de labaredas em chamas. O que querem estes homens? Sempre mais do mesmo. Detentores de tudo, compram a pena dos poetas para ditar a verdade burocrática. Impõe a lei que eles mesmos burlam, quando esta é de seu feitio. Quando não, criam novas leis adequadas ao momento, mas que serão burladas no futuro. O que querem estes homens que carregam dentro de maletas pretas o valor exato da moral e da ética que possuem, ou seja, nenhuma?

Estes homens querem ser um trator sobre nossos corações. Mas, haveremos de possuir uma arma mais forte. É nesta arma mais forte – que nasce das palavras para semear os corações de bem – que acredito, no momento em que escrevo me deixando levar pelo cidadão, me deixando – como afirma Saramago – misturar escritor, com as pessoas nas quais enxergo sentimentos, sonhos, esperanças e crença nos que não se curvam, nem expõem sua ilibada forma de atravessar o mundo nas prateleiras do supermercado por onde caminham estes homens de terno a comprar tudo e a todos, com o dinheiro que roubam de todos.

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