Jogos políticos e mortais

A forma como se deram as articulações para que se chegasse à atual Mesa Diretora da Câmara Municipal deixa clara a influência de forças externas do Poder Legislativo da cidade de Maceió. Isto faz com que surjam algumas interrogações, inclusive sobre a função do vereador dentro da Casa de Mário Guimarães.

O vereador é um político mais próximo das bases, com a função de representar um determinado distrito ou região, em busca de melhorias para aquela comunidade que o elegeu. Porém, na prática, se vê que é um elo entre a “base” e os que estão mais distantes, transferindo votos, comandando interesses, dentre outras tarefas dos “jogos políticos” e “eleitoreiros”. O que é uma pena e faz com que se veja a população sempre como uma massa de manobra.

Desta forma, ao invés das ações que possam transformar de fato uma região, os que chegam à Câmara Municipal – não só de Maceió, mas também de outras cidades – criam e se mantém em uma rede assistencialista que – de alguma forma – sempre resulta em votos no final. Há exceções evidentemente. Há de se crer em alguns trabalhos sérios, nem dá para colocar todo mundo no mesmo bojo, nem fazer prejulgamentos. Mas, em alguns momentos, as verdadeiras intenções ficam à mostra e deixam as entrelinhas. Isto acontece – principalmente – nos momentos de turbulência.

No caso de Maceió, se viu claramente a ingerência de políticos do ambiente externo do Poder Legislativo municipal negociar cargos dentro da Mesa Diretora. Qual o real interesse em ocupar tais espaços? Uma pergunta que precisa ser respondida com objetividade. A resposta, por sua vez, fiscalizada com empenho. A eleição de uma Mesa Diretora deveria ser uma discussão meramente interna, vista a pluralidade dos partidos que integram a Câmara Municipal. Evidentemente que os palanques – ao menos teoricamente – deveriam já ter sido desmontados neste momento.

Teoricamente! Na prática, se dá um loteamento de cargos, com respaldo da Prefeitura Municipal de Maceió, que em troca de apoios abre as portas a comissionados vindos das mais diversas bases eleitorais, por indicação de vereadores, que por sua vez possuem compromissos firmados com deputados estaduais, que agregam interesses muitas vezes inconfessáveis, que quase sempre resultam em alguma operação da Polícia Federal.