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Luis Vilar

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Magno Malta e Sapucaia

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia possui uma função importante na investigação destes crimes hediondos; e justamente por ter este papel que não deveria servir de palanque ou de circo, onde os protagonistas deixam correr um enredo de excessos, humilhações, achincalhamentos públicos, dentre outras aberrações.

A CPI deve servir – e serve – para punir pedófilos, sejam eles padres ou de qualquer outro ramo de atividade como a política, empresários e tal. Logo, deixo claro que defendo a CPI e a acho de extrema necessidade. Pois, nada mais ultrajante do que um crime contra uma criança indefesa, ainda mais quando se segue do abuso sexual. O ser humano que pratica tal crime é a escória da escória da escória da sociedade.

Neste contexto, é evidente que os padres suspeitos merecem ser investigados e punidos com rigor, diante da comprovação do crime. Ao padre que confessou abertamente o crime de pedofilia, que seja dada também punição exemplar. O que não pode é o senador Magno Malta – em seu papel de presidente – passar a intimar todos aqueles que, pelo usufruto da liberdade de opinião, criticarem a forma como a CPI ocorreu e não a importância da comissão.

Não se critica o mérito da CPI, nem a sua importância, mas a atitude exagerada e descabida do senador Magno Malta. Esta é a leitura que venho fazendo de alguns que ousaram expor em detalhes como se deu a CPI. Estes padres – em caso de comprovação das acusações – merecem a cadeia, merecem a severidade da lei, sem subterfúgios ou atenuantes. Sem eufemismos também, diga-se de passagem.

Porém, isto não autoriza ao senador Magno Malta o papel de herói de um circo montado. Ao convocar o desembargador Antônio Sapucaia para depor, Malta mostra como pretende agir com os que – por ventura – tiverem uma opinião contrária a sua conduta. Sapucaia resolveu expressar sua opinião em um jornal, com um artigo em que critica atuação do ilustre senador – o que é direito de qualquer cidadão (a expressão da opinião, sem agredir, caluniar, ou difamar) – e foi convocado a sentar nos bancos da CPI da Pedofilia.

Qual pergunta será feita a Sapucaia: “Por que o senhor criticou Magno Malta?”. Talvez, Malta acredite que quem o critica seja a favor da pedofilia. Uma horripilante postura que tende a confundir a opinião pública, por meio de factóides, quando a função da CPI é de investigar de forma séria e apresentar provas e indícios (estes já existem de fato) para punir possíveis culpados.

Pelos indícios, eu até acho difícil que estes padres sejam inocentes, mas defendo o Estado Democrático de Direito que prevê um rito até a condenação e este deve ser cumprido de forma séria, até mesmo para garantir que pedófilos apodreçam na cadeia.

Mas, Magno Malta quer mais. Ele quer a vitrine. “Não sei quem ele quer defender no artigo dele. Ele defende as crianças ou os pedófilos?”. Ora senador, faço uma pergunta: “o senhor leu o artigo?”. Sapucaia ressalta em seu artigo ser “visceralmente contra a pedofilia”. Como eu sou, como tantos que acompanharam a CPI o são, inclusive o presidente desta, pressuponho. Por ser contra a pedofilia, é que cobra-se da CPI – que é tão importante para nosso país – seriedade.

Convocar alguém por conta de um artigo? Agora, caro leitor, após publicar este texto, também corro o risco de ser convocado? Mesmo tendo o tempo todo conclamado para a punição exemplar dos pedófilos.

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